Parada na Refinaria Abreu e Lima influenciou resultado da indústria e do PIB de Pernambuco em 2021

Foram 45 dias sem processar um barril de petróleo sequer. Essa pausa refletiu na indústria de transformação e no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco no ano passado
Adriana Guarda
Publicado em 08/03/2022 às 18:17
Potenciais compradores vão receber carta-convite para detalhar propostas Foto: Foto: Heudes Regis/Acervo JC Imagem


No ano passado, a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no Complexo de Suape, fez a sua primeira parada para manutenção, desde que entrou em operação em 2014. Foram 45 dias sem processar um barril de petróleo sequer. Essa pausa refletiu na indústria de transformação e no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco em 2021. Em um curto intervalo de 7 anos, a indústria de processamento de petróleo que nem existia na matriz econômica do Estado, passou a ter um peso importante. Na segunda-feira (7), a Agência Condepe/Fidem divulgou uma recuperação de 4,2% no PIB estadual no ano passado, após uma queda de 2,9% em 2020. Apesar do crescimento, o resultado poderia ser melhor se não fosse alguns fatores, como a parada da refinaria. 

O diretor de Estudos, Pesquisas e Estatística da Condepe/Fidem, Maurílio Lima, pontua que os produtos fabricados na Rnest, como derivados de petróleo, biocombustíveis e coque apresentaram a maior queda de todo o setor industrial de Pernambuco, com uma retração de 35,2% em 2021. O desempenho negativo também esteve bem nítido no quarto trimestre, com uma queda de 41,1% no setor. Além da paralisação na refinaria, Lima cita outros acontecimentos que interferiram na operação da Rnest no ano passado. "Todos nós conhecemos os problemas que a refinaria enfrentou (fazendo referência ao envolvimento da Petrobras na operação Lava Jato). No ano passado tentaram leiloar a unidade, mas não houve interessados. Tudo isso interferiu no desempenho", observa. A parada na produção da refinaria contribuiu para uma queda de 3,5% da indústria no terceiro trimestre e de -6,3% no quarto trimestre. Como consequência, a atividade teve um avanço de 3,7% em 2021. 

A Petrobras vinha sofrendo críticas no setor porque a Abreu e Lima já tinha entrado no seu sétimo ano de operação sem ter realizada uma manutenção. Praticamente todos os 3 mil equipamentos em todas as unidades foram paralisados para atender as exigências técnicas e de regulamentação do setor. A Rnest vai ficou parada por cerca de 45 dias e, durante esse período,  os 3 mil trabalhadores da unidade atuaram na manutenção.

Sem a produção da Rnest, a Petrobras precisou rearranjar parte da sua logística de abastecimento para garantir o cumprimento de  contratos comerciais. O fornecimento de óleo diesel, principal produto fabricado pela unidade, foi atendido com os estoques produzidos e  disponíveis na refinaria. Segundo a Petrobras, o que precisou complementar foi trazido por cabotagem de outros Estados ou até mesmo importado. 

A Abreu e Lima tem capacidade instalada para processar 130 mil barris por dia, o que corresponde a 5% da capacidade total de refino de petróleo do País, mas em função de não ter cumprido algumas exigências ambientais, está autorizada pela CPHR (órgão ambiental do Estado) a processar 100 mil barris por dia. Hoje quase 70% da produção da Rnest é de diesel com baixo teor de enxofre. A unidade também produz nafta, óleo combustível, coque verde, gás de cozinha (GLP) e gasolina.

CONCLUSÃO 

Depois de fracassar na tentativa de venda da Rnest em 2021, a Petrobras anunciou que vai investir US$ 1 bilhão para concluir a primeira parte da obra que ficou incompleta e terminar a segunda parte. A divulgação foi feita em novembro do ano passado, durante a apresentação do Plano Estratégico 2022-2026. De acordo com a diretoria da Petrobras, a expectativa é que a retomada das obras gere 10 mil empregos em Pernambuco.  

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