INFLAÇÃO

Guerra acelera reajustes de preços dos alimentos nas prateleiras

Preços ao consumidor da farinha de trigo, macarrão, biscoitos e até do óleo de soja tiveram forte alta no início do mês, superando de longe reajustes de fevereiro

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Estadão Conteúdo

Publicado em 20/03/2022 às 21:20 | Atualizado em 20/03/2022 às 21:23
Macarrão foi um dos itens que teve alta de preço - Divulgação
Os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que respondem por 30% das exportações mundiais de trigo, começam a chegar às prateleiras dos supermercados. Os preços ao consumidor da farinha de trigo, do macarrão, dos biscoitos e até do óleo de soja tiveram forte alta no início do mês, superando de longe reajustes de fevereiro.
Entre 1.º e 12 de março, nos supermercados, a farinha de trigo ficou, em média, 4,46% mais cara, o preço do macarrão com ovos subiu 4,24%, o de biscoitos, 2,62% e o do óleo de soja, 5,79%, em comparação com igual período de fevereiro, aponta um levantamento feito, a pedido do jornal O Estado de S. Paulo, pela startup Varejo 360.
Especializada em pesquisa de mercado, a empresa coletou os preços desses itens nos tíquetes de compra de 150 mil clientes de supermercados no Estado de São Paulo.
O levantamento mostra que, entre 1.º a 12 fevereiro, antes da guerra, que começou no dia 24, os preços desses itens tiveram aumentos bem mais moderados ante igual período de janeiro. A farinha de trigo, por exemplo, tinha subido 0,24%, os biscoitos, 1,64%, e o óleo de soja, 1,46%. E o macarrão com até ficou 0,97% mais barato.
"Muito provavelmente os aumentos mais acentuados em março devem ser reflexo da disparada do trigo por causa da guerra", afirma Fernando Faro, sócio da consultoria e responsável pelo levantamento.
Nos últimos 30 dias, até a última quinta-feira, o preço da tonelada de trigo subiu quase 20% no Rio Grande do Sul e beirou R$ 2 mil, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Faro observa que a maior parte dos reajustes de preços feitos pelos varejistas se concentrou no sábado, 12 de março. E sábado geralmente é o dia da semana no qual os supermercados costumam ser mais agressivos nas promoções. Isso pode indicar, segundo ele, que a pressão de custos das matérias-primas pesa mais neste momento do que a estratégia para alavancar as vendas.
Agravamento
Os aumentos são confirmados pelos supermercados. Fábio Queiróz, presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro, conta que pães, biscoitos e todos os derivados de trigo e soja - grão que é um substituto do trigo - estão sendo comprados pelos supermercados com preços mais altos. "O quadro se agravou com o início da guerra."
Os supermercadistas, conta, brigam por centavos nas negociações com fornecedores para reduzir repasses para o preço ao consumidor.
Os aumentos ficarão mais visíveis ao consumidor nesta semana.
Em São Paulo, executivos do setor relataram à Associação Paulista de Supermercados aumentos da farinha de trigo da ordem de 15% na primeira quinzena do mês, com indicações de novos reajustes.
No caso do óleo de soja, a majoração do preço teria sido de 20%.
 

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