O movimento paredista dos servidores do Banco Central do Brasil (BCB) forçou a atuação da entidade monetária em relação a uma operação de contingência. Nesta terça-feira (5), houve uma primeira rodada de reunião entre os servidores e o Ministério da Economia, que não resultou em avanços mas deixou às claras dificuldades enfrentadas pelo BCB para manter suas atividades. Com "manutenção e a intensificação da greve" já foram adiados os pagamentos do Pix, sistema instantâneo de transações, aos bancos, gerando um prejuízo estimado pela Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil (ANBCB) em R$ 2 milhões ao dia, além do adiamento da divulgação do Boletim Focus e os indicadores selecionados.
Embora o movimento já tenha sido iniciado desde a semana passada, o Banco Central só atrelou os adiamentos nos serviços acima citados ao impacto da paralisação nesta terça. A greve já atrasa o Boletim Focus, os indicadores selecionados (Indeco), como movimento de câmbio contratado, e as notas de crédito, setor externo e fiscais do BC.
Outro serviço que já sente a falta de servidores é a remuneração a bancos por recursos em contas de operação do Pix. Por conta da paralisação, o BCB decidiu adiar o repasse que deveria fazer aos bancos pelas contas mantidas pelas instituições para lançamentos do Pix, gerido pelo Banco Central.
Embora, até então, não haja reflexos diretos ao usuário final nas suas transações, o adiamento do pagamento aos bancos por deixarem dinheiro nessas contas para que a população possa efetuar as operações via Pix já causa um prejuízo estima em R$ 2 milhões ao dia pela Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil (ANBCB).
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) avalia que a decisão do Banco Central de adiar a implementação de uma nova funcionalidade nas contas de pagamentos instantâneos foi prudente "para evitarmos implementações de funcionalidades em dias mais sensíveis, procedimento normal para projetos desta natureza", sem especificar qualquer prazo tolerável para o atual impasse.
"Como já divulgado pelo Banco Central, existem planos de contingência para manter o funcionamento dos sistemas críticos para a população, os mercados e as operações das instituições reguladas, e a Febraban e seus bancos associados acreditam em uma breve resolução", acrescentou a federação em nota.
O Banco Central diz manter "planos de contingência para o funcionamento dos sistemas críticos para a população, os mercados e as operações das instituições reguladas, tais como STR, Pix, Selic, entre outros", mas hoje admitiu que divulgará as notas, o Indeco e o Focus somente após o fim da greve.
A reunião desta terça-feira entre o governo federal e representantes dos servidores do Banco Central, que estão em greve desde sexta-feira (1º), terminou sem a apresentação de uma proposta de reajuste, segundo o sindicato da categoria.
O Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central) afirmou após o encontro com Leonardo Sultani, titular da Secretaria de Gestão de Pessoas do Ministério da Economia, que, “como não houve proposta oficial, a nossa resposta vai ser a manutenção e a intensificação da greve”.
Os funcionários da autoridade monetária querem reajuste salarial de 26,3%, referente à inflação de 2019 a 2022, além da reestruturação de carreiras (demanda que não tem impacto financeiro, segundo o Sinal). Mas haviam sinalizado a disposição para negociar com o governo.
Após o encontro, o Sinal voltou a alertar que a greve dos servidores será feita de forma responsável, respeitando a lei dos serviços essenciais, mas informou que o Pix e outras atividades do BC não se encontram dentro do escopo da lei. “A greve poderá interromper parcialmente o Pix e a distribuição de moedas e cédulas”, ponderou em comunicado.