As mulheres passam mais fome do que os homens no Brasil e, ao longo dos anos, a situação vem se agravando. Pesquisa do economista Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais FGV Social sobre insegurança alimentar, aponta que entre 2019 a 2021 houve queda de um ponto percentual no risco de fome para homens, caindo de 27% para 26% e aumento 14 pontos percentuais entre as mulheres, subindo de 33% para 47%.
"Como resultado, a diferença entre gêneros da insegurança alimentar em 2021 é 6 vezes maior no Brasil do que na média global. As mulheres, principalmente aquelas entre 30 e 49 anos, onde o aumento foi maior, tendem a estar mais próximas das crianças e gerando consequências para o futuro do país, uma vez que subnutrição infantil deixa marcas permanentes físicas e mentais para toda vida", alerta Neri.
Feminilização do desemprego
O agravamento da fome entre as mulheres também coincide com a codição desfavorável para o sexo feminino no mercado de traballho. A disparidade de gênero no mercado de trabalho é antiga, mas vem se aprofundando. O cenário é de mais mulheres desempregadas do que homens ou ganhando menos do que eles para exercer funções iguais ou semelhantes.
Com a chegada da pandemia, em 2020, essas disparidades se agravaram. Em muitas empresas as mulheres foram as primeiras a serem demitidas e depois encontraram dificuldade em se recolocar.
Pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego entre mulheres ficou em 16,45% em 2021, ante 16,25% no ano anterior. Já entre os homens, a taxa ficou em 10,71% no ano passado. No período analisado pelo estudo de Neri, o desemprego feminino antes da pandemia, em 2019, foi de 14,38%.
Diante do cenário, especialistas defendem a necessidade de criar políticas públicas para inserir a mulher no mercado de trabalho, sobretudo de qualificação profissional. A escolaridade é maior entre as mulheres do que os homens, mas falta experência profissional.
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