Motoristas de aplicativos protestam contra aumento do gás natural em Pernambuco

De acordo com a pesquisa semanal do Serviço de Levantamento de Preços da ANP, houve uma alta de 9,49% nas bombas para os motoristas
Bruno Vinicius
Publicado em 10/05/2022 às 12:06
TÁ CARO Em Pernambuco, o último aumento fez o combustível saltar de R$ 3,96 para R$ 4,39, uma alta de R$ 0,43; Copergás diz que não lucra com a venda de gás e apenas repassa os reajustes Foto: SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM


Motoristas de aplicativos protestaram, na manhã desta terça-feira (10), contra o aumento de preços do Gás Natural Veicular (GNV). A manifestação ocorre uma semana após o anúncio de um reajuste de 19% no combustível às distribuidoras pela Petrobras. De acordo com a pesquisa semanal do Serviço de Levantamento de Preços da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), houve uma alta de 9,49% nas bombas para os motoristas.

Segundo os motoristas, o objetivo da ação foi cobrar a Copergás pelo aumento de preços. Em Pernambuco, o último aumento fez o combustível saltar de R$ 3,96 para R$ 4,39, uma alta de R$ 0,43. "O gás natural quando eu comecei há 6 anos, era menos de R$ 2. Hoje, chegando próximo dos R$ 5, inviabiliza nossa atividade. As tarifas são muito baratas e o combustível, seja ele líquido ou o próprio GNV, está fazendo com que muita gente deixe de rodar", disse o presidente da Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco, Thiago Silva.

"Hoje, não existe nenhuma política pública efetiva. A Copergás não faz absolutamente nada pelos motoristas de aplicativos. O IPVA de Pernambuco é um dos mais caros do Brasil. Não há hoje nenhuma vantagem em converter o veículo para o GNV. É uma burocracia só tentar essa linha de crédito que a Companhia diz que existe", argumentou Thiago, que é do Movimento Livres.

O protesto teve concentração a partir das 7h, na rua Pintor Lula Cardoso Ayres, na Imbiribeira - rua do Terminal de Cargas do aeroporto do Recife. De lá, eles saíram em carreata, até a sede da Copergás, no bairro de Boa Viagem, no Recife.

Posicionamento da Copergás

Em nota, a Copergás informou que é solidária a qualquer manifestação por melhoria dos motoristas de transporte, mas também afirmou que não produz gás natural. "Ela distribui o produto fornecido por suas supridoras. Vende pelo preço que compra. A Companhia não ganha um centavo a mais com o reajuste no preço do gás natural, sendo remunerada pela construção da infraestrutura de distribuição do produto", disse em nota.

"No caso do reajuste que passou a valer a partir de 1º de maio passado, o percentual cobrado pela Petrobras foi de 19,22%. No entanto, a existência de outros supridores permitiu que o repasse médio do gás natural distribuído pela Copergás fosse de 14,92%, sendo que para o GNV foi de 14,58%. O preço do gás natural é reavaliado apenas trimestralmente, em fevereiro, maio, agosto e novembro – ao contrário dos demais combustíveis que aumentam de preço diversas vezes ao ano, por decisão única e exclusiva da Petrobrás", argumentou a Copergás.

Confira a nota completa:

A Companhia Pernambucana de Gás – Copergás é solidária com qualquer mobilização pela melhoria nas condições de trabalho dos motoristas de aplicativos de transporte. Mas a empresa acredita que a mobilização desta terça-feira (10) está sendo realizada visando o endereço errado, pois deveria ocorrer na Petrobras, responsável pela alta nos preços de todos os combustíveis comercializados no Brasil.

A Copergás não produz gás natural. Ela distribui o produto fornecido por suas supridoras. Vende pelo preço que compra. A Companhia não ganha um centavo a mais com o reajuste no preço do gás natural, sendo remunerada pela construção da infraestrutura de distribuição do produto.

Entre todos os combustíveis comercializados em Pernambuco, o gás natural foi o único a permanecer com o mesmo valor por seis meses, entre novembro de 2021 e abril de 2022. Isso só foi possível porque a Copergás, de forma pioneira, contratou novos supridores do produto, de forma a não depender exclusivamente da Petrobrás. Hoje, a Companhia é uma das poucas no País a contar com três fornecedores de GN: Petrobrás, Shell e a New Fortress – esta última atendendo as redes implantadas nas cidades de Petrolina e Garanhuns.

Se continuasse tendo apenas a Petrobras como sua supridora, a Copergás não teria conseguido, como conseguiu, manter a mesma tarifa de novembro/2021 a abril/2022.

No caso do reajuste que passou a valer a partir de 1º de maio passado, o percentual cobrado pela Petrobras foi de 19,22%. No entanto, a existência de outros supridores permitiu que o repasse médio do gás natural distribuído pela Copergás fosse de 14,92%, sendo que para o GNV foi de 14,58%. O preço do gás natural é reavaliado apenas trimestralmente, em fevereiro, maio, agosto e novembro – ao contrário dos demais combustíveis que aumentam de preço diversas vezes ao ano, por decisão única e exclusiva da Petrobrás.

A verdade é que o gás natural distribuído pela Copergás tem a menor tarifa entre todos os Estados do Nordeste e um dos menores do Brasil. Contribui também a redução na alíquota do ICMS cobrado pelo Governo de Pernambuco.

Por tudo isso, protestar contra a Copergás pelo reajuste no preço dos combustíveis é uma ação equivocada, que tenta desviar o foco dos verdadeiros responsáveis pelos aumentos que afligem os consumidores brasileiros.

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