Com um vasto histórico de fraudes ao longo dos seus 32 anos de história, a Polícia Fedeal (PF) acabou des desvendar mais uma. Dessa vez foi no pagamento de benefíicos do auxílio-reclusão. O recurso é pago a parentes dos presos, como filhos jovens, que podem ficar desamparados ou ter abandonar a escola por causa da prisão do chefe da família.
A matéria foi publicada pela Folha de São Paulo. A reportagem diz que a PF identificou uma suspeita de fraude que pode chegar a R$ 486 milhões.
Segundo a PF, o aceeso aos benefícios teriam sido feitos a partir de acessos de senhas de 29 servidores do INSS. A principal suspeita é que os códigos tenham sido hackeados. Conseguindo acessar o sistema, os criminosos reativaram benefícios que estavam suspensos e alteraram dados de contas bancárias para que os pagamentos fossem realizados.
A investigação também constatou que em uma grande quantidade de casos, os titulares das contas dos bancos não eram os mesmos destinatários dos benefícios. Ou seja, o dinheiro do benefício estava sendo desvido para outras pessoas.
Segundo a Folhasp, um outro padrão notado é que as reativações foram feitas em benefícios que estavam perto de completar cinco anos, com valores de atrasados que nunca passavam de R$ 100 mil —o que seria, em tese, para não chamar a atenção de órgãos de controle, como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
A maior preocupação do lado da polícia era que os pagamentos fossem suspensos o quanto antes. Isso porque a experiência de investigações desse tipo mostra que é difícil recuperar o dinheiro depois de realizada a transferência. Em algumas situações, é possível encontrar os autores, mas dificilmente os recursos são devolvidos. A apuração começou em junho deste ano e, desde então, os bloqueios de pagamentos começaram a ser feitos.
Mais de 13 mil benefícios que seriam pagos estão na mira da investigação —entre eles o auxílio-reclusão, pago a dependentes do trabalhador que tenha no mínimo dois anos de atividade urbana reconhecida pelo INSS e não receba benefício do órgão, dentre outras exigências.
Ciente do histórico de fraudes, o INSS fez um investimento de R$ 1,4 bilão em tokens para melhorar a segurança no acesso de servidores do órgão a dados dos beneficiários e ao sistema que autoriza a concessão de benefícios.
Com isso, o acesso passa a ser protegido por três mecanismos: a senha pessoal de cada servidor, a verificação em duas etapas (código enviado para o celular do servidor) e o token (uma espécie de pen-drive que deve ser inserido no computador para destravar o sistema do INSS).
O processo de compra dos tokens começou ainda no ano passado, como um projeto do INSS. A compra foi feita no início de 2022 e, agora em setembro, o sistema de todos os 20 mil servidores do órgão passou a exigir o dispositivo.
A operação para identificar os desvios também contou com a atuação do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Setores de inteligência das instituições financeiras que fazem esses pagamentos verificaram indícios de irregularidades nas transferências.