O Complexo de Suape é a um só tempo porto e indústria. Polo de atração de investimentos industriais e ativo logístico de Pernambuco. Nesta segunda-feira (7), o porto comemora 44 anos de sua instalação, mirando o futuro. Pelas contas do governo do Estado, Suape vai receber R$ 42,6 milhões em investimentos e gerar 21.790 empregos até 2027.
Com 224 empresas instaladas e uma movimentação de cargas projetada em mais de 24 milhões de toneladas para este ano, não se imagina o desenvolvimento econômico de Pernambuco sem pensar em Suape. Segundo cálculos da Agência Condepe/Fidem, o complexo contribui com 5% do Produto Interno Bruto de Pernambuco (PIB). O gigante com área de 13,5 mil hectares está localizado entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, distante 50 km do Recife.
O Porto de Suape é um ativo estratégico para o Estado porque está a, no máximo, 800 quilômetros de distância de seis capitais, de cinco aeroportos e de dez portos internacionais. Além disso, está localizado numa região que concentra 46 milhões de consumidores e 90% do PIB do Nordeste.
Apesar de ter sido inaugurado em 1978, a primeira movimentação de carga aconteceu em 1983, com o desembarque de um carregamento de álcool da Petrobras. De lá para cá, o complexo foi se consolidando como um polo de movimentação de combustíveis e hoje ocupa a liderança nacional na atividade entre os portos públicos do País.
Naquela época ninguém conseguia 'profetizar' que um dia a Petrobras seria âncora na movimentação de combustíveis em Suape, por meio da instalação de uma refinaria de petróleo. Em 2021, o porto movimentou 14,9 milhões de toneladas de derivados de petróleo, que representaram 67,8% de toda a carga registrada. Isso faz o atracadouro se destacar em relação aos demais portos públicos brasileiros.
Para o resultado total do ano, a aposta é em um crescimento de 10% na movimentação de cargas, em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo 24,3 milhões de toneladas contra 22,1 milhões do exercício anterior.
A diretoria de Suape adianta que nos últimos dois anos foram consolidadas negociações que vão permitir a implantação de investimentos da ordem de R$ 42,6 bilhões no complexo e gerar mais de 20 mil empregos até 2027. Na lista de projetos estão terminais de gás GLP e GNL; ampliação do Polo Farmo-químico com a instalação da Blau Farmacêutica e a ampliação da Aché; novo terminal de contêiners da Maersk ; planta de hidrogênio verde e outros.
No caso do terminal de GNL, Suape concluiu a concorrência para o novo empreendimento. O porto homologou a proposta da ShellOncorp, que prevê o pagamento de R$ 131 mil por mês, ao longo de 48 meses, para exploração do Cais de Múltiplos Usos (CMU), onde deverá ser instalado o Terminal de Regaseificação (Regás).
A implantação do terminal, prevista para 2023, deve gerar investimentos da ordem de R$ 2 bilhões para Pernambuco e 240 empregos diretos. Ao longo das obras de instalação, serão criados centenas de empregos temporários.
Com investimentos da ordem de R$ 1 bilhão, o projeto de expansão nacional da Blau Farmacêutica no Complexo de Suape, no Cabo de Santo Agostinho, tem previsão de início das obras para 2023. A assinatura do contrato de aquisição da área de 64 hectares, na Zona Industrial de Suape, ocorreu no final de outubro, no Palácio do Campo das Princesas. A Blau é uma das principais indústrias de medicamentos e insumos hospitalares da América Latina e vai gerar até 1.400 postos de trabalho diretos quando a fábrica estiver em plena operação, em 2032.
Entre 2014 e 2022, o maior investimento atraído para o Complexo foi a fábrica da Aché, que teve sua pedra fundamental lançada em 2018. A unidade foi erguida numa área de 25 hectares (250 mil metros quadrados), no Cabo de Santo Agostinho.
Com investimento de mais de R$ 800 milhões e a geração de 3.000 empregos diretos e indiretos. A segunda etapa do parque fabril vai inaugurar nos próximos meses e será destinada à fabricação de medicamentos. A planta vai produzir, embalar e distribuir remédios para todo o Nordeste. A nova operação deverá gerar 3 mil novos empregos.
A retomada da autonomia de Suape foi publicada no Diário Oficial da União no dia 3 de outubro de 2022, pelo Ministério da Infraestrutura. No documento, estão definidas as atribuições delegadas a Pernambuco e o que cabe ao governo federal. Com a mudança, a operação de cais e píeres, além de contratos de arrendamentos e estabelecimento de tarifas, volta para a gestão da Autoridade Portuária.
Em 2018, o então Ministério dos Transportes hoje Ministério de Infraestrutura instituiu a Portaria 574/2018, que permitiria a transferência de elaboração do edital e a realização dos procedimentos licitatórios à administração do porto, delegado ou não. Para isso, foi criado o Índice de Gestão das Autoridades Portuárias (IGAP).
Em junho de 2022, Suape alcançou a segunda posição no ranking do IGAP, com nota 9. Em 2021, atingiu nota 8, suficiente para a devolução da autonomia (perdida em 2010), porém o ato não foi realizado. As negociações foram retomadas e o portoreconquistou a autonomia.
O Terminal de Granéis Sólidos Minerais (TGSMS) foi anunciado em 29 de setembro e será operado pela Planalto Piauí Participações e Empreendimentos S.A., do grupo Bemisa Brasil Operação Mineral S.A., mineradora autorizada pelo governo federal a implantar e explorar a Ferrovia do Sertão (EF233), nos 717 km entre Curral Novo (PI) e o porto. Para a construção do terminal, será investido R$ 1,5 bilhão, com a estimativa de movimentar anualmente 13,5 milhões de toneladas de minério de ferro.
A área do TGSMS é de 51,8 hectares e a obra, que deverá ter início até 2025, vai gerar mais de 3 mil empregos, entre diretos e indiretos. Durante a operação, serão 400 empregos. O terminal está na Zona Industrial Portuária (ZIP), na Ilha de Cocaia, e o sistema logístico apresenta-se como alternativa à conclusão da Ferrovia Transnordestina até o Porto de Suape, para escoar a produção das jazidas piauienses. O investimento será de R$ 6 bilhões, com a geração de dois mil empregos.
Já o trecho ferroviário de 9,7 km entre o entroncamento da BR-101 com a Rota do Atlântico (PE-09) e a porção leste da Ilha de Tatuoca, é alvo de estudos para adequação e atualização do projeto executivo do acesso ferroviário do porto à Ferrovia do Sertão. Essa obra será custeada pela estatal portuária.
O novo Terminal de Uso Privado (TUP) da APM Terminals, subsidiária do Grupo A. P. Moller-Maersk, de origem dinamarquesa, foi anunciado, oficialmente, no dia 1° de setembro. Com o início das obras até o final de 2023 e operação prevista para 2026, o empreendimento representa investimento de R$ 2,5 bilhões, gerando 1.600 postos de empregos.
A capacidade inicial de movimentação será de 400 mil TEUS, unidade equivalente a um contêiner de 20 pés. Mas pode ultrapassar a marca de 1,3 milhão de TEUS anuais, aumentando a liderança regional de Suape nesse tipo de carga.
Ocupando 49,2 hectares, o novo terminal é resultado do revocacionamento dos estaleiros do cluster naval do complexo, após a venda de parte da área pertencente ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS). O processo teve desfecho com a realização de um leilão, quando a Maersk cobriu a maior oferta com um valor de R$ 455 milhões. Esse resultado já foi homologado pela Justiça Federal para o pagamento de passivo aos credores do EAS.
O governo de Pernambuco acabou de anunciar a conclusão de uma negociação para concluir a dragagem do canal de aproximação de Suape, que vai permitir ao porto ficar com uma profundidade de 20 metros e receber embarcações maiores. Iniciada em 2011 pela empresa holandesa Van Oord, a obra estava parada desde 2013.
A empresa alegou não ter recebido os valores devidos e os governos federal e estadual também acabaram se desentendendo sobre os recursos liberados e aplicados. A disputa foi parar na Justiça internacional. Pernambuco teria que pagar quase R$ 800 milhões referente à conclusão da obra e à quitação da dívida com a empresa, mas conseguiu negociar o valor para R$ 480 milhões. Agora, a Van Oord terá cinco meses para concluir a dragagem.
O diretor-presidente do Porto de Suape, Roberto Gusmão, comenta que a dragagem colocará Suape em posição de destaque no cenário portuário mundial, uma vez que o porto, que tem localização estratégica, reúne uma zona industrial robusta e consolidará esses grandes empreendimentos nos próximos anos. “Isso sem falar na ampliação da Refinaria Abreu e Lima, cuja movimentação atual de granéis líquidos já nos coloca na liderança nacional”, destaca.
Suape também está passando por um processo de revisão de seu Plano Diretor, com horizonte até 2030. A primeira versão ficou pronta em 2011, logo após a chegada de grandes empreendimentos no complexo. O objetivo da atualização é atender às novas demandas de mercado e aos desafios impostos pelo atual cenário econômico.
O projeto de revisão do Plano Diretor é comandado pelo consórcio formado pelas empresas TPF e Ceplan, vencedor da disputa. O prazo total de execução é de 15 meses. Com o resultado será possível planejar a expansão do complexo até o final desta década. O futuro de Pernambuco navega por Suape.