Na esteira da aprovação relâmpago na Câmara dos Deputados do projeto que altera a Lei das Estatais, a Petrobras, maior empresa pública do País, amargou uma queda de quase 10% nas ações comercializadas na Bolsa de Valores. O resultado é uma resposta do mercado às articualações de parlamentares com o governo do presidente eleito Lula (PT), que busca garantir a nomeação dos nomes indicados por ele para empresas públicas, como o caso de Aloizio Mercadante.
A bolsa fechou no azul apesar do tombo registrado pelas ações da Petrobras. O Ibovespa encerrou o dia em alta de 0,20%, aos 103.745 pontos.
Mas as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) operaram em forte queda. Ao longo do dia, os papéis amargaram queda de 10,14%, cotados a R$ 24,20 – a maior baixa registrada desde a década de 1980.
Ao fim do dia, as ações ordinárias da Petrobras caíram 9,8%. A estatal perdeu R$ 30 bilhões em valor de mercado somente na sessão de hoje, saindo de R$ 331 bilhões para R$ 301 bilhões.
Os papeis do Banco do Brasil também tiveram queda acentuada, de 2,48%. Com o resultado, a bolsa acumula queda de 7,77% no mês, e de 1,03% no ano.
Na noite da terça, a Câmara aprovou um projeto de lei que muda a Lei das Estatais e libera o ex-ministro Aloizio Mercadante para assumir a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no novo governo Lula.
A proposta, que inicialmente apenas alterava regras sobre gastos das empresas públicas com publicidade, foi modificada de última hora para incluir uma redução no tempo de quarentena para indicados ao comando de estatais que tenham participado de campanhas eleitorais. O texto, aprovado pelos deputados com 314 votos favoráveis a 66 contrários, segue agora para análise do Senado.
"A mudança permite que o novo governo coloque qualquer político para presidir uma estatal. Fora que a alteração aconteceu na calada da noite", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, em comentário matinal.
Para Enrico Cozzolino, head de análise e sócio da Levante Investimentos, a expectativa de que haveria mudança na Lei das Estatais já foi "realmente ruim".