RENDA DO TRABALHADOR

Segunda parcela do 13º salário deve injetar R$ 106 bi na economia

Diferentemente dos dois últimos anos, pesquisa revela que brasileiros devem ir às compras em vez de priorizar pagamento de dívida

Cadastrado por

JC

Publicado em 09/12/2023 às 8:09
Em 2023, os gastos no comércio devem liderar o destino dos recursos, totalizando R$ 37,35 bilhões (35%) - Arnaldo Carvalho/Especial para o RioMar Recife

Após dois anos de priorização ao pagamento de dívidas, os brasileiros devem impulsionar o comércio com a segunda parcela do 13º salário, que deverá injetar R$ 106,29 bilhões na economia nacional. De acordo com um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o pagamento total do 13º salário atingirá R$ 267,6 bilhões, um aumento de 6,2% em relação ao ano passado, descontada a inflação.

“A expectativa é que a injeção desses recursos contribua de maneira significativa para a retomada do setor comercial e impacte positivamente o crescimento econômico no País, em 2023”, destaca o presidente da CNC, José Roberto Tadros. O valor médio do benefício é de R$ 2.980, um avanço real em comparação aos R$ 2.882 pagos em 2022.

13º RESERVADO PARA COMPRAS

Em 2023, os gastos no comércio devem liderar o destino dos recursos, totalizando R$ 37,35 bilhões (35%). A quitação e o abatimento de dívidas absorverão 34%, chegando a R$ 35,97 bilhões, seguidos pelos gastos no setor de serviços (R$ 20,31 bilhões) e poupança (R$ 12,66 bilhões).

Com a primeira parcela depositada até 20 de novembro, a segunda metade do 13º salário se destaca como um estímulo importante para o setor comercial na reta final do ano. “A reversão da tendência de priorizar o pagamento de dívidas reflete não apenas a melhora das condições financeiras como também uma mudança no patamar de confiança na economia por parte dos consumidores", avalia o economista da CNC, responsável pela pesquisa, Fabio Bentes.

IMPACTO NO VAREJO

No varejo, os segmentos mais impactados pela injeção da segunda parcela do 13º salário em 2023 incluem hiper e supermercados (R$ 17,15 bilhões), combustíveis e lubrificantes (R$ 6,13 bilhões), lojas de vestuário e calçados (R$ 4,47 bilhões) e produtos de farmácia, perfumaria e cosméticos (R$ 3,86 bilhões).

Mais emprego e queda de juros melhoram o cenário do comércio

Diversos fatores provocam a mudança de comportamento dos consumidores em relação aos anos anteriores. Segundo Fabio Bentes, fazem parte das causas a expansão da renda e do emprego ao longo do ano e a redução da taxa de juros. Em setembro de 2023, o custo do crédito estava em 57,3%, indicando tendência de queda desde o pico registrado em maio deste ano (59,7% ao ano).

MANUTENÇÃO DE EMPREGOS E MAIS 13º SALÁRIO

Já o aumento dos valores do 13º salário é impulsionado diretamente pelo crescimento do emprego. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) revela um avanço de 2,3% no contingente de trabalhadores com carteira assinada no setor privado nos últimos 12 meses até o terceiro trimestre deste ano, o que representa 1,14 milhão de novas vagas.

Os trabalhadores ativos representam 57% dos beneficiários (50,9 milhões), enquanto aposentados e pensionistas totalizam 38,9 milhões, com o valor médio mais elevado destinado aos aposentados e pensionistas do regime próprio da Previdência Social (R$ 6.031) e o menor aos trabalhadores domésticos (R$ 1.706).

“Para o comércio, a concentração da segunda parcela do 13º em dezembro é estratégica, marcando o período de maior aquecimento das vendas”, explica Fabio Bentes. Historicamente, o último mês do ano coincide com um aumento médio de 25% nas vendas, impactando especialmente setores como vestuário e calçados (80%), livrarias e papelarias (50%) e lojas de utilidades domésticas (33%).

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