ESTATAL

Petrobras retém dividendos e ostenta queda de ações na bolsa

Estimativa é de que estatal tenha perdido R$ 55,3 bilhões em valor de mercado nesta sexta-feira (8)

Cadastrado por

com agências, Da Redação

Publicado em 08/03/2024 às 20:29
Petrobras reabre inscrições para concurso - © Fernando Frazão/Agência Brasil

A Petrobras perdeu R$ 55,3 bilhões em valor de mercado nesta sexta-feira (8), após apresentar sua proposta para pagamento de dividendos e os resultados financeiros de 2023. O levantamento é de Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria. O desempenho afetou o Ibovespa (principal índice da bolsa brasileira), que moderou perdas ao longo da tarde e conseguiu sustentar, no fechamento, a linha de 127 mil pontos, após ter tocado mínima da sessão a 125.802,48, então no menor nível intradia desde oito de dezembro. Boa parte desta queda decorreu da correção implacável em um dos principais ativos da B3, Petrobras, que mostrou em boa parte do dia perdas de dois dígitos.

No fechamento do mercado, as ações da Petrobras mostravam quedas ainda expressivas, de 10,37% e 10,57%, que colocaram o Ibovespa em baixa de 0,99%, a 127.070,79 pontos, em dia em geral positivo para outras ações de peso no índice.

Com o resultado, a Petrobras acumula uma desvalorização de R$ 23,8 bilhões em 2024. Em comparação ao maior valor registrado pela petroleira, quando alcançou R$ 566,9 bilhões em 19 de fevereiro deste ano, a queda é de R$ 90,2 bilhões.

IMPACTO PETROBRAS

"O dia foi bastante agitado, com o Ibovespa já iniciando em queda de quase 2% e cedendo 2 mil pontos. Mas conseguiu reduzir as perdas ao longo da tarde, ficando em torno de 1%. Com o movimento negativo gerado em Petrobras, outra estatal importante, Banco do Brasil, também acabou pagando o pato", diz Nilson Marcelo, analista quantitativo da CM Capital, referindo-se ao temor de ingerência do governo em empresas de economia mista, em momento no qual o mercado aguardava distribuição de dividendo extraordinário pela Petrobras - que não veio.

OBJETIVOS DA ESTATAL

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, esclareceu mais uma vez aos analistas que participam de videoconferência para comentar os resultados do quarto trimestre do ano passado que os dividendos extraordinários 100% retidos em 2023 não serão utilizados para investimentos ou para pagar dívidas.

Questionado se o objetivo do Conselho de Administração atendeu uma pressão do governo, Prates disse não ter visto esse movimento entre os conselheiros indicados pelo Ministério de Minas e Energia (MME), e que a questão é mais "de timing".

"O Conselho, creio, que foi uma questão de timing, o dividendo é para distribuição de qualquer forma. Não pode pagar dívida ou investir, como falsas notícias que andam por aí. Isso é lucro, portanto dividendo. Clarificando isso, todo esse susto aí desaparece, porque sabe-se que essa reserva é dividendo e uma hora volta", explicou Prates.

'CUIDADO COM ALOCAÇÃO DE CAPITAL'

O diretor financeiro da Petrobras, Sergio Caetano Leite, disse que a decisão do Conselho de Administração da Petrobras de não pagar dividendos extraordinários relativos à 2023 tem a ver com a busca por um balanço robusto e cuidado com alocação de capital. Ainda assim, Leite disse que os recursos travados só poderão servir ao pagamento de proventos no futuro e não para investimentos da companhia.

"Existia folga para pagamento de extraordinário, mas o CA decidiu mandar os recursos para a reserva (de remuneração). Isso se baseia na busca de balanço robusto e cuidado com alocação de capital em anos com esforço de investimento muito grande para a Petrobras. E os anos de 2024 e 2025 terão investimentos expressivos", disse Leite.

Em seguida, emendou: "Mas essa resposta pode levar a mal entendido. Esse recurso da reserva não pode ser usado para investimento". 

Leite voltou a negar que a reserva de remuneração, incrementada com a retenção dos dividendos extraordinários de 2023, possa ter outra finalidade que não o pagamento equânime de proventos a acionistas. Ele disse, porém, que não há prazo para a distribuição dos recursos, da ordem de R$ 43,9 bilhões, acontecer.

RESULTADOS DA PETROBRAS

A Petrobras registrou o segundo melhor lucro da sua história em 2023, o primeiro da gestão de Jean Paul Prates. O montante foi de R$ 124,6 bilhões, mas ficou menor 33,8% do ano anterior. Além disso, o Conselho de Administração da estatal decidiu não pagar dividendos extraordinários.

"Não é só a questão de mexer no dividendo que pesa. O mercado vê algo como uma indicação de interferência no capital de forma global, um sinal ruim por parte da direção. Gera aversão", diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Tags

Autor

Webstories

últimas

VER MAIS