A nadadora Etiene Medeiros está passando o período de isolamento social por conta do novo coronavírus longe da família, em São Paulo. Neste domingo, quando é comemorado o Dia das Mães, a pernambucana resolveu homenagear sua mãe, que também é Etiene, com uma carta aberta. A mensagem, cheia de carinho, apresenta a relação entre mãe e filha e destaca o papel da matriarca na formação esportiva de nadadora.
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"Minha mãe para mim é tudo. Me colocou no mundo, ela que cuida de mim. Ela que me passou os primeiros nutrientes para estar neste universo. Para mim, é tudo", comentou a nadadora olímpica, que acrescentou. "Desde o princípio foi a pioneira de me iniciar no esporte. Incentiva todos os dias, seja com uma palavra, seja presencialmente. Em determinados momentos do ano ela vem para São Paulo me encontrar. Sempre está nos meus treinos. É um incentivar silencioso que para mim faz muita diferença", observou.
Etiene Medeiros é principal nadadora do Brasil e interrompeu os treinos para se isolar por conta da pandemia. Desde então mantém contato com sua família por ligações de áudio e vídeo. Esse ano o Dia das Mães será bem diferente. "Eu e minha mãe estamos passando esse período bem distantes. Ela mora em Recife e eu em São Paulo. Nós temos o mesmo nome. Não sei qual foi a ideia dela e do meu pai, mas sei que tem muito amor envolvido. Então, deve significar algo", falou a nadadora.
Por enquanto não há previsão de retorno das atividades da natação. Etiene estava se preparando para disputar o Troféu Maria Lenk, que serviria como seletiva para os Jogos Olímpico de Tóquio, quando a pandemia da covid-19 atingiu o Brasil. A Olimpíada foi adiada assim como o Maria Lenk. A nova data dos Jogos é 23 de junho de 2021, mas a programação no País ainda não foi definida. Esperava-se que a pandemia seja controlada para o calendário esportivo retomar suas atividades.
De Eninha para Eni: uma homenagem de Etiene para a mãe
Eu e minha mãe estamos passando esse período bem distantes. Ela mora em Recife e eu em São Paulo. Nós temos o mesmo nome. Não sei qual foi a ideia dela e do meu pai, mas sei que tem muito amor envolvido. Então, deve significar algo. No Nordeste existe muito o costume de colocar o nome da filha igual ao da mãe. Quando minha mãe era jovem, o apelido dela era Ene, e eu me tornei a Eninha. Então, dentro da nossa família, sou conhecida como Eninha.
A família da minha mãe não é esportista. Nunca tiveram contato com o esporte profissionalmente. Ela morou e ainda mora em uma comunidade que chama Lagoa do Araçá, em Recife, e nunca teve oportunidade de conhecer o esporte. Ela sempre via na TV e se informava. Teve um estudo que dizia da importância do esporte para a qualidade de vida e educação. Ela foi a mulher pioneira na minha família de conduzir sobrinhos e filhos ao esporte.
Que eu saiba, ela não tem um esporte preferido. Mas, sempre enalteceu qualquer tipo de esporte e qualquer tipo de esportista. Como ela não cresceu dentro desse meio, mas sempre achou bonito, eu creio que não tenha praticado algum esporte especificamente. Ao menos até hoje nunca comentou comigo.
Desde o princípio foi a pioneira de me iniciar no esporte. Incentiva todos os dias, seja com uma palavra, seja presencialmente. Em determinados momentos do ano ela vem para São Paulo me encontrar. Sempre está nos meus treinos. É um incentivar silencioso que para mim faz muita diferença.
Ela para mim é um próprio exemplo. Hoje é aposentada, mas quando trabalhava sempre mostrou a responsabilidade e o caráter dela, na postura que ela exercia. Servidora pública, sempre cumpria com suas obrigações. Para mim, ela e o meu pai sempre foram exemplo para mim. A importância dela na minha carreira é de me incentivar e apoiar. Estar comigo nos tempos bons e ruins. Nunca foi uma pessoa de me colocar para baixo ou passar a mão na minha cabeça, pelo contrário. Sempre me colocando muito para cima.
Passamos juntos muitas histórias marcantes. Em alguns momentos de dificuldade, simplesmente um olhar dela significava apoio. Porque em muitos momentos difíceis em minha carreira, quem tinha que resolver era eu, sabe? E a minha mãe sempre foi o cuidado, a parte materna de olhar e falar: "Estou aqui. Tô com você".
A minha mãe é cômica. E eu amo isso dela. Ela é ela, não tem meio termo. Ela é isso e acabou. Gostando ou não gostando. Ela sempre está presente nas minhas competições. Fica muito nervosa. Quando eu era pequena, ela não ficava tanto. Hoje vejo que ela é muito emotiva. Talvez por ser uma pessoa experiente na vida e estar vendo que eu to me tornando uma mulher, cresci.
Mesmo distante, ela sempre me mostrou ser uma mulher muito guerreira, positiva. Mesmo com seus medos internos. Uma mulher muito batalhadora. Que cuida dela mesmo. Do corpo dela. Ela tem amor próprio. Então eu admiro muito isso nela. Eu vejo muito a responsabilidade dela. Cresci vendo ela cumprir horários e metas e viagens. Essa responsabilidade puxei muito dela. E, lógico, ser autêntica. Ser o que eu sou. Nunca deixar de ser eu. Seja gostando de dançar, sendo um pouco envergonhada. Mas nunca deixando de ser eu. Ela sempre me mostrou isso. Nunca ter vergonha. Aprendi a ser eu mesma e descobrir o que eu quero, com a maneira dela ser no universo.
Minha mãe para mim é tudo. Me colocou no mundo, ela que cuida de mim. Ela que me passou os primeiros nutrientes para estar neste universo. Para mim, é tudo. A gente é bem diferente uma da outra, temos opiniões bastante diferentes. Mas dentro de mim corre muito sangue dela e para mim ela é tudo. Significa tudo para mim.
Confira a carta completa