Boa parte dos clubes que disputaram a Série A em 2019 divulgou o balanço financeiro relativo ao período. O cenário de crescimento econômico no futebol brasileiro, alcançando um novo patamar, acabou sendo atrapalhado pela pandemia do novo coronavírus. Porém, isso não é suficiente para esconder as receitas recordes que vários clubes tiveram, principalmente o Flamengo e os nordestinos Bahia, Ceará e Fortaleza.
Ao todo, 14 times que disputaram a Primeira Divisão em 2019 publicaram o balanço até o dia 30 de abril, data limite de acordo com a Lei Pelé, que estabelece essa apresentação fiscal para os clubes de futebol. Os que não divulgaram, se apegam na Medida Provisória 931, que alongou o prazo de publicação da prestação de contas para empresas, mas as agremiações esportivas não entraram nela. Desta forma, o debate segue com o Ministério Público para que sejam contemplados. Nesta situação atual do país, algumas equipes não apresentaram por vários motivos. Alguns por conta dos atrasos relativos à covid-19, que atrapalharam a realização de reuniões no Conselho Deliberativo, ou porque impediu que auditorias externas terminassem seus serviços a tempo.
Este último foi o caso do Santa Cruz, que tem o balanço pronto, mas não liberou ainda porque republicará os de 2017 e 2018 assim que a BDO, auditoria externa contratada, terminar o levantamento com relação às duas temporadas citadas. O Náutico apresentou um demonstrativo resumido, já que o completo não ficou pronto a tempo por conta da pandemia. Apenas o Sport apresentou os dados por completo dentre o Trio de Ferro do Recife.
Por um lado, vale destacar as receitas recordes alcançadas por diversos clubes. Estes são os que têm seguido um modelo mais equilibrado financeiramente, sendo bem geridos e crescendo a cada ano. No Nordeste, Bahia, Ceará e Fortaleza tiveram a maior receita da sua história. O Tricolor baiano teve mais de R$ 189 milhões, enquanto o do Pici ultrapassou R$ 120 milhões. O Vozão conseguiu R$ 98 milhões, quase quebrando a barreira dos três dígitos. Outro detalhe interessante: ambos tiveram um ano no ‘azul’, arrecadando mais do que gastaram. R$ 3.881.000, R$ 3.444.392 e R$ 5.768.766, respectivamente.
Descendo no mapa do Brasil, dentre o total de times que apresentou os balanços, seis foram superavitários. E destes, três tiveram recorde de arrecadação. Destaca-se, principalmente, o caso do Flamengo, Grêmio e Athletico. O atual campeão brasileiro teve R$ 950 milhões de receita. Recorde no futebol brasileiro. Ainda mais, terminou o ano com R$ 62 milhões de superávit. O Tricolor Gaúcho vem se destacando pela gestão austera do presidente Romildo Bolzan e alcançou R$ 420 milhões na receita e superávit R$ 22 milhões. Quarto ano consecutivo de aumento. No caso do Furacão, a venda de atletas e conquista da Copa do Brasil o levaram a uma receita pouco acima dos R$ 378 milhões e superávit de R$ 63 milhões. Cifras inéditas no Rubro-negro paranaense.
Por outro lado, alguns clubes ainda têm bastante com o que se preocupar neste momento. É o caso do trio carioca, composto por Fluminense, Vasco e Botafogo, que tentam sobreviver com as dívidas altíssimas, atrasos salariais e temporadas deficitárias. Juntos, gastaram R$ 35 milhões a mais do que receberam em 2019. Quem apresentou o maior déficit, disparadamente, foi o São Paulo. O Tricolor paulista arrecadou R$ 398 milhões mas, ainda assim, teve um saldo negativo de R$ 156 milhões. Números preocupantes que vão minando a capacidade desses clubes diante de Flamengo e Palmeiras, que vão se distanciando dos demais.
Ao todo, seis clubes que disputaram a Série A e sete da Série B não publicaram os demonstrativos. As justificativas são as mesmas apresentadas no começo do texto: a pandemia do novo coronavírus, além de outros problemas administrativos, em alguns casos. A não publicação até a data limite acarreta em diferentes sanções aos clubes, como nos acordos feitos sobre dívidas com a União, inelegibilidade de dirigentes em qualquer clube ou empresa ligada ao esporte.
Da Primeira Divisão, não entregaram a documentação o Atlético-MG, Avaí, Chapecoense, Corinthians, Cruzeiro e CSA. Dentre eles, Corinthians e Cruzeiro apresentam uma pior situação, com altas dívidas a serem pagas no curto prazo. Da Segundona, Brasil de Pelotas, Coritiba, CRB, Cuiabá, Figueirense, Londrina e Vitória não apresentaram o balanço financeiro.
Athletico - R$ 378.764.000 de receita, com superávit de R$ 63.400.000
Bahia - R$ 189.485.000 de receita (maior da história), com superávit de R$ 3.881.000
Botafogo - R$ 191.337.000 de receita, com déficit de R$ 20.849.000
Ceará - R$ 98.077.486 de receita (maior da história), com superávit de R$ 5.768.766
Flamengo - R$ 950 milhões de receita, com superávit de R$ 62 milhões
Fortaleza - R$ 120.490.995 de receita (maior da história), com superávit de R$ 3.444.392
Fluminense - R$ 250.018.000 de receita, com déficit de R$ 9.304.000
Goiás - R$ 90.846.836 de receita, com superávit de R$ 2.801.865
Grêmio - R$ 420 milhões de receita, com superávit de R$ 22 milhões
Internacional - R$ 389.462.445 de receita, com déficit de R$ 3.019.465
Palmeiras - R$ 641.915.000 de receita, com superávit de R$ 1.724.000
Santos - R$ 399.829.000 de receita, com superávit de R$ 23.501.000
São Paulo - R$ 398.017.000 de receita, com déficit de R$ 156.149.000
Vasco - R$ 204.373.000 de receita, com déficit de R$ 5.095.000
Náutico - Apesar da divulgação de um balanço simplificado, o faturamento total e o superávit/déficit ficaram de ser publicados ao lado do demonstrativo completo.
Santa Cruz - A direção confirmou que a receita é um pouco maior que R$ 18 milhões, enquanto o superávit é de R$ 2,5 milhões
Sport - R$ 39.208.327 de receita, com déficit de R$ 22.644.360