O pico do novo coronavírus aparenta ter passado em alguns dos países europeus e, com isso, a retomada do futebol começa a ser planejada. Dentre as principais ligas, a Bundesliga é a primeira a retomar. Depois dos treinos serem liberados no começo de abril e seguindo protocolos de testes e distanciamento, a bola começa a rolar neste sábado. Contudo, algumas diferenças serão bastante perceptíveis em comparação ao dia 11 de março, data em que foi disputada a última rodada do Campeonato Alemão antes da pausa.
O país tem sido um dos que melhor conseguiu encarar a covid-19. Apesar do alto número de casos, 175.312 pessoas foram infectadas, 150.300 se curaram e 7.941 faleceram. A Alemanha é o terceiro país que mais testou pessoas para a doença. Mais de 2,7 milhões, atrás apenas de Estados Unidos e Rússia. Ou seja, esse controle em massa para saber onde a doença se localiza, aplicada juntamente com as restrições de circulação e regras de isolamento, foram um dos motivos que fizeram com que o dano fosse minimizado por lá.
Só que este retorno do futebol alemão, ainda com uma certa margem em relação às outras ligas na Europa, põe pressão nessas outras organizações. Principalmente pelo viés financeiro - que é o que mais luta pelo retorno do esporte. O prejuízo aos clubes, organizadores, emissoras e patrocinadores é grande e não tem como ser revertido, apenas minimizado. E a perda desse dinheiro significa também uma desvantagem na competitividade que esses valores agregam no investimento. Caso dê tudo certo na Bundesliga, a competição servirá de modelo para retorno das demais em todo o mundo e sairá com uma imagem fortalecida e pode, inclusive, aumentar seu protagonismo no futebol mundial. Essa perda de espaço para os alemães não agrada, de maneira nenhuma, aos demais campeonatos, como a Premier League, La Liga, Serie A e Ligue 1. São questões mercadológicas envolvidas e quem se sair primeiro desse cenário, terá vantagem.
Quanto mais o retorno demorar a acontecer, maior será o impacto. Além da falta de arrecadação pela falta de jogos, os contratos de vários jogadores vai se encerrar no dia 30 de junho. Clubes podem perder seus atletas de graça e vê-los migrar para outro mercado que se torne mais atrativo. Essa preocupação também pauta a Bundesliga, já que mais de 100 atletas inscritos na competição estão no fim de contrato.
Mas há o outro lado da moeda: a chance de dar errado. Mesmo com as restrições impostas e todos os cuidados necessários, ainda há a exposição dos atletas, comissão técnica e demais pessoas envolvidas para que as partidas aconteçam. Em caso de novos surtos, com clubes precisando decretar quarentena de seus funcionários e elenco, o exemplo negativo pela pressa pode se tornar uma mancha na Bundesliga. De acordo com os jornais Kicker e Bild, da Alemanha, há um plano emergencial em caso disso acontecer. Se for preciso interromper definitivamente a competição, valerá a tabela da última rodada disputada para decidir o título, vagas nos torneios europeus e rebaixamento.
Para que o retorno aconteça, algumas mudanças foram adotadas pelos organizadores. O primeiro a se notar é um dos motores do futebol: a presença de torcida nos estádios. Ainda não existe uma previsão de quando será possível realizar partidas e outros eventos com a costumeira aglomeração de pessoas. Nos estádios serão permitidas, no máximo, 300 pessoas. Mas para isso, há uma setorização do local em três, onde apenas 100 poderão estar em cada. O primeiro bloco é de acesso ao campo, como jogadores e comissão técnica dos clubes. O segundo é às arquibancadas e cabines de transmissão, enquanto o terceiro se refere às áreas externas do estádio e estacionamento.
Os jogadores e clubes já vem seguindo um protocolo de manter a distância de 1,5m a 2m entre si nas dependências dos clubes. Chegam sozinhos, cada um em seu carro, e vão já com o material. O afastamento também será mantido no pré-jogo e pós-jogo, nos vestiários - com tempo máximo de 30 minutos de permanência, usando máscaras - e na entrada e saída de campo. Nos bancos de reservas, jogadores deverão ficar intercalados por um assento vazio. Excetuando os atletas e árbitros, todos que estiverem no estádio devem usar máscaras. Outro ponto interessante é que as bolas serão desinfetadas tanto antes, quanto durante e depois dos jogos.
Com as várias determinações novas, algumas situações mudaram a rotina dos clubes em dias de jogos. Por exemplo, a presença de mascotes no estádio. O Colônia tem um bode como mascote e ele acompanha o time em casa desde 2008. Agora, o simpático Hennes terá de ficar distante. Outro ponto é que os atletas precisarão lavar os próprios uniformes em casa e não podem trocar camisas com adversários ao fim dos jogos. As comemorações de gols não poderão mais contar com abraços e apertos de mão. Nem os cumprimentos antes e depois dos confrontos poderão ser feitos. Apenas um aceno de longe.
Nos gramados alemães, as partidas começam neste sábad0. Às 10h30 da manhã, a bola começa a rolar. De cara, um clássico entre Borussia Dortmund x Schalke 04. Além deste jogo, vale destacar o retorno, no mesmo horário, do RB Leipzig, que encara o Freiburg, e Eintrancht Frankfurt x Borussia Mönchengladbach às 13h. No domingo, no mesmo horário, o Bayern retorna diante do Union Berlin, fora de casa.
Sábado
10h30
Borussia Dortmund x Schalke 04
RB Leipzig x Freiburg
Hoffenheim x Hertha Berlin
Fortuna Düsseldorf x Paderborn
Augsburg x Wolfsburg
13h
Eintrancht Frankfurt x Borussia Mönchengladbach
Domingo
10h30
Colônia x Mainz
13h
Union Berlin x Bayern de Munique
Segunda-feira
15h30
Werder Bremen x Bayer Leverkusen