Os protestos da torcida do Benfica, após o empate de 0 a 0 com o Tondela, não ficaram apenas em reclamações no Twitter. Logo após a partida, alguns torcedores apedrejaram o ônibus da delegação benfiquista, que deixava o Estádio da Luz. Os jogadores Julian Weigl e Andrija Zivkovic foram atingidos por estilhaços de vidro das janelas do veículo e precisaram ser atendidos no Hospital da Luz.
De acordo com o jornal A Bola, além do ataque ao ônibus, torcedores também picharam com insultos as portas das casas dos atletas Pizzi e Rafa Silva, além da do técnico Bruno Lage. No caso de Pizzi, ainda há ameaça com a frase “tas avisado”. Nesta sexta-feira (5), Julian WeigleAndrija Zivkovic publicaram mensagens em suas contas pessoais no Instagram condenando as ações.
Weigl escreveu: “Quero que todos saibam que estou bem. Tivemos sorte! Todos cometemos erros, mas houve uma linha que foi ultrapassada. Atirar pedras em um ônibus sem ligar se alguém vai se machucar? Eu sei que não é assim que verdadeiros torcedores do Benfica são! Especialmente estas últimas semanas e dias deveriam ter nos mostrado que a melhor solução sempre é ficarmos juntos, em vez de literalmente jogar pedras uns nos outros! Agradeço pelas amáveis mensagens e a preocupação de todos”.
O alemão recebeu apoio de torcedores em sua página pessoal no Instagram, a maioria ressaltando que os verdadeiros benfiquistas não compactuam com os ataques. Não é a primeira vez que Weigl sofre com ações violentas após uma partida. Em 2017, ele estava no ônibus do Borussia Dortmund que sofreu atentado com três bombas artesanais, quando a equipe seguia para enfrentar o Mônaco, pela Champions League. O clube alemão também se manifestou nas redes sociais para prestar solidariedade a seu ex-jogador.
O Benfica utilizou sua página oficial para repudiar os ataques sofridos. Em nota, o clube afirmou que o resultado da partida foi injusto, uma vez que os donos da casa dominaram o jogo. Contudo, reconhece que o time precisa voltar a vencer. O comunicado também classifica o apedrejamento como um ato covarde e criminoso, e exige o máximo rigor das autoridades para identificar e punir os responsáveis, chamados de “verdadeiros delinquentes que devem ser erradicados do futebol e que mancham a imagem de todos os clubes sem exceção”.
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, também em comunicado oficial, prestou solidariedade ao Benfica e condenou os atos de violência, exigindo ação implacável do Estado para que o futebol possa se regenerar e cumprir de forma plena as suas vitais funções desportivas, sociais e econômicas.
O Benfica tinha a oportunidade de reassumir a liderança do Campeonato Português se derrotasse o Tondela na noite desta quinta-feira (04). Apesar do domínio, os donos da casa não conseguiram abrir o placar. Com o resultado, os Encarnados seguem na segunda posição, com a mesma pontuação do líder Porto, mas perdendo no critério de desempate, que é o confronto direto. O próximo compromisso dos Águias será na quarta-feira (10), contra o Portimonense, no Estádio Municipal de Portimão.
“Falhada a oportunidade de passarmos para a liderança isolada do Campeonato, exige-se agora uma resposta imediata da equipa, com a ambicionada vitória na difícil deslocação a Portimão na próxima quarta-feira, 10 de junho.
Neste carrossel de emoções que tem caracterizado a luta pelo título desta época, todo o foco tem de estar nas nove finais que faltam disputar e que terão de ser enfrentadas com o máximo de rigor e exigência competitiva de acordo com a ambição a que estamos habituados.
O resultado, ontem, foi injusto. A nossa equipa dominou o jogo, instalou-se no meio campo adversário na esmagadora maioria do tempo e criou oportunidades de golo mais do que suficientes para vencer a partida (só Odysseas não rematou à baliza adversária), mas a ineficácia ofensiva penalizou-a.
O regresso aos triunfos é fundamental para alcançarmos o bicampeonato, numa retoma caracterizada pela necessidade de nos adaptarmos a toda esta nova realidade de não se sentir o apoio dos adeptos no Estádio.
Mas infelizmente a noite também ficou marcada pelo cobarde e criminoso ato de apedrejamento de que foi alvo o autocarro que transportava os nossos jogadores à saída da A2, quando se deslocava para o Benfica Campus no Seixal.
São situações que se têm repetido com maiores ou menores consequências, sendo a mais grave, recorde-se, a que vitimou o nosso adepto Bruno Simões quando o autocarro de adeptos do Benfica foi apedrejado no regresso a Barcelos, após um Benfica-Braga na Luz, para além das diversas situações que têm sido recorrentes no futebol português.
Em todos estes casos, sem exceção, importa e exige-se que as autoridades atuem com o máximo rigor, e identifiquem e punam os responsáveis destes atos criminosos, verdadeiros delinquentes que devem ser erradicados do futebol e que mancham a imagem de todos os clubes sem exceção.
Estão a mais no futebol e devem ser punidos de uma forma exemplar.”
“Foi com enorme tristeza e indignação que tomei conhecimento do inaceitável ato de violência que atingiu o SL Benfica e os seus atletas.
A FPF confia que as autoridades policiais encontrarão, no mais curto espaço de tempo possível, os responsáveis pelo ato bárbaro e cobarde de ontem – o apedrejamento do autocarro do SL Benfica em andamento – e exige que os autores deste crime não passem impunes.
Atacar, pela calada da noite, com a mão escondida, atletas, equipa técnica, staff e dirigentes de um clube exige uma resposta à altura de todos os que amam o futebol e que se sentem revoltados por este tipo de comportamentos.
O futebol, ao longo de semanas, uniu-se e sacrificou-se para conseguir garantir a retoma de uma parte essencial da sua atividade. Exemplares na forma como seguiram todas as indicações das autoridades sanitárias e governamentais, os clubes nacionais voltaram a proporcionar uma enorme alegria aos seus adeptos que ansiavam, porque o futebol também é importante nas suas vidas, o regresso a uma competição que é, em si mesma, crucial para a recuperação desportiva, financeira e econômica e social de todos os agentes do futebol.
Os atos ocorridos ontem, sejamos claros, mancham, de novo a imagem do futebol. Mas, no essencial, responsabilizam aqueles que arremessaram as pedras, motivados pelo ódio. Essas pessoas não são do futebol, não gostam do futebol e têm de ser expulsas do futebol.
Como já afirmei em outros momentos infelizes, o futebol precisa da ação implacável do Estado nestas ocasiões. O futebol precisa da vossa ajuda para se poder regenerar e cumprir de forma plena as suas vitais funções desportivas, sociais e econômicas.
Dirijo uma última palavra de solidariedade aos técnicos e particularmente aos atletas duramente atingidos pelos incidentes de ontem. Envio-vos, em nome da FPF e de todo o futebol português, os meus votos de que rapidamente possam recuperar das agressões que foram alvo para que voltem a fazer aquilo que mais gostam de fazer e que tanto significa para nós – jogar futebol.
Fernando Gomes.”