Diante da onda mundial de protestos contra o racismo, o Comitê Olímpico International (COI) informou nesta quarta-feira que abrirá uma série de conversas que poderá levar os atletas a serem autorizados a realizar pronunciamentos mais enfáticos sobre certos assuntos nos Jogos.
Há cinco meses, o COI havia endurecido sua proibição de manifestações de posições políticas nos Jogos Olímpicos, especificamente para gestos como colocar um joelho no chão ou levantar um punho no pódio dos medalhistas.
Mas a posição do organismo relaxou um pouco nesta quarta-feira, quando o presidente Thomas Bach comentou que o comitê interno de atletas "explorará maneiras diferentes" pelas quais as opiniões podem ser expressas durante Jogos, sem deixar de "respeitar o espírito olímpico".
"Os Jogos Olímpicos são uma demonstração global muito poderosa contra o racismo e pela inclusão", disse Bach, durante uma entrevista coletiva, após uma reunião do seu comitê executivo. No entanto, o líder procurou separar "o apoio aos princípios consagrados na Carta Olímpica a manifestações potencialmente divisórias".
O Artigo 50 da Carta tenta preservar a neutralidade política em competições olímpicas, mas permite que os atletas expressem opiniões depois dos seus eventos. No entanto, gestos feitos durante a competição ou em cerimônias de premiação foram classificadas em janeiro como "alterações divisórias".
De acordo com a posição atual, atletas que imitam o emblemático punho cerrado dos velocistas norte-americanos Tommie Smith e John Carlos nas Olimpíada da Cidade do México de 1968 poderiam ser mandados para seus países. Esses atletas também enfrentariam medidas disciplinares por parte de sua delegação olímpica, da federação de seu esporte e do próprio COI.