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Pelé estreava pelo New York Cosmos há 45 anos

Milhares de pessoas queriam ver o Rei em solo norte-americano e até Mick Jagger tietou Pelé
Karoline Albuquerque
Publicado em 15/06/2020 às 21:33
REINADO Mesmo tendo se despedido do futebol em 1977, Pelé ainda é cultuado até hoje, mas viu racismo de perto durante a sua carreira Foto: DIVULGAÇÃO/FIFA


Em 1975, 15 de junho foi um domingo. Naquele dia, o mundo viu Pelé, aos 34 anos, vestir pela primeira vez a camisa de um clube que não era a do Santos. Foi quando o jogador estreou pelo New York Cosmos. Nesta segunda-feira (15), o momento completa 45 anos e é tido como um marco para colocar o futebol no mapa dos Estados Unidos, tornando Pelé a maior "celebridade" em Nova York.

A estreia foi em um amistoso diante do Dallas Tornado, em Manhattan. O jogo foi televisionado pela rede norte-americana CBS para todo o território americano e outros 22 países. De acordo com a Fifa, jornalistas de 25 nacionalidades diferentes foram aos Estados Unidos cobrir o espetáculo. A euforia era tanta que o ator Robert Redford fez as filmagens do filmeTodos os Homens do Presidente serem suspensas para ir ao jogo.

 

O estádio Downing estava lotado, com 22,5 mil ingressos vendidos, outras milhares pessoas tentando comprar bilhetes e gente do lado de fora tentando ver ao redor. Pouco antes da bola rolar, cada jogador foi anunciado, recebendo aplausos da torcida. Porém, quando o nome de Pelé foi chamado, o estádio foi à loucura aos gritos de "Rei".

O pesadelo do colunista esportivo Prescott Sullivan, do San Francisco Examiner, se tornava realidade. Em 1968, ele escreveu que europeus e sul-americanos enlouqueciam com o jogo. "Reze para que isso não aconteça aqui", continuou, recebendo o coro de outros colegas. "Futebol é só um esporte jogado por comunistas e fadas." Não era o que a torcida novaiorquina mostraria.

Mas, o Cosmos começou perdendo e foi para o intervalo com 2x0 de desvantagem no placar. Coube a Pelé resolver no segundo tempo. O jogador participou do primeiro gol da equipe e foi o autor do empate na partida."Foi um jogo de exibição, mas como se os Yankees estivessem na World Series (jogos finais do campeonato de basebol da MLB) ou o Giants no Super Bowl", disse Steve Ross, presidente da Warner Communications, que só passou a saber quem era Pelé em 1971.

Em outro trecho divulgado pela Fifa, Ross afirmou que ouviu que "Pelé era maior do que o Papa" e confirmou quando viu. Ele financiou parte da ida de Pelé ao Cosmos. Com a chegada do Rei, outros jogadores foram a equipe e o time novaiorquino montou um elenco com Franz Beckenbauer, Carlos Alberto e Giorgio Chinaglia, conquistando a NASL, antigo campeonato norte-americano de futebol, em 1977.

Foi justamente até o ano do título que Pelé ficou na equipe. Naquele ano, o brasileiro foi um dos convidados VIPs da discoteca recém-inaugurada Studio 54. O escritor Truman Capote afirmou que era mais fácil "chegar à Lua do que entrar no Studio 54" dado o alvoroço. "Absolutamente todo mundo queria apertar a mão dele e tirar uma foto. Dizer que você foi a uma festa com Pelé era a maior honra da época", contou o cantor Mick Jagger, dos Rolling Stones.

A despedida de Pelé, com jogo entre o Cosmos e o Santos, contou com um convidado especial, em outubro de 1977. No Giants Stadium, diante de mais de 75 mil espectadores, o boxeador Muhammad Ali encontrou o jogador em campo e ganhou um beijo na bochecha do brasileiro. Mick Jagger, Elton John, Diane Keaton, Henry Kissinger, Robert Redford, Rod Stewart e Barbra Streisand também estavam na torcida.

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