Argentinos lotam as ruas de Buenos Aires para receber seleção campeã

No centro da cidade, um vaivém de torcedores com bandeiras do país por todos os lados. Buzinaços, cornetas e cânticos
Lucas Moraes
Publicado em 20/12/2022 às 17:12
A carreata, que começou pouco antes do meio-dia, percorreu 70 quilômetros e calcula-se que a duração poderia chegar a mais de oito horas Foto: AFP


AFP

Em um ambiente de euforia massiva, milhões de pessoas acompanharam nesta terça-feira (20) ao longo das ruas de Buenos Aires a carreata de Lionel Messi e da seleção argentina para comemorar o terceiro título mundial da 'Albicelesce'.

Do ônibus que abre caminho lentamente pela multidão, os jogadores exibiram com orgulho o troféu conquistado contra a França no domingo.

A carreata, que começou pouco antes do meio-dia, percorreu 70 quilômetros e calcula-se que a duração poderia chegar a mais de oito horas.

"Para mim, só de vê-los passar já é muito. Se Messi olhar nos nossos olhos, para a câmera, já está bom", disse à AFP no Obelisco Valentín Pino, de 19 anos. "Depois de tanto sofrimento, já se consagraram", comemorou com um sorriso.

No centro da cidade, um vaivém de torcedores com bandeiras do país por todos os lados. Buzinaços, cornetas e cânticos, como o popular "Muchachos", hino não oficial da Argentina no Mundial.

Mais de quatro milhões de pessoas se mobilizaram ao longo de todo o percurso da carreata, indicou à AFP uma fonte da prefeitura de Buenos Aires.

Muitas pessoas de outras cidades, tão distantes como Bariloche (na Patagônia, ao sul), ou de Rosário, terra de Messi e Ángel Di María, e dos municípios da periferia de Buenos Aires foram à capital para participar das comemorações.

 

"O povo argentino ama o futebol, e não ganhávamos o Mundial há algum tempo. Esta nova geração veio com muita força. Tive a sorte de ver (Diego) Maradona jogar, eu era muito pequeno quando ele ganhou o título de 1986. Isto é um grande prêmio para o povo argentino, que merecia. Esta seleção está muito unida ao povo argentino", disse Luciano Peralta, um comerciante de 41 anos de Rosário.

O governo decretou feriado nacional para facilitar a participação do povo na festa.

"Vou ao Obelisco porque a Argentina ganhou. Faziam 36 anos que não ganhava. Eu tinha seis anos quando ganhou em 1986. Não posso explicar com palavras, só com emoção", disse Paola Zattera, um funcionária pública de 43 anos.

- "Sempre tive o sonho" -

"Bom dia", escreveu o capitão Messi em uma publicação em suas redes sociais com uma foto na cama abraçado à Copa do Mundo, como uma criança e seu brinquedo favorito.

"Foram cerca de três décadas em que a bola me deu muitas alegrias e muitas tristezas", continuou o jogador.

"Sempre tive o sonho de ser campeão do mundo e não queria deixar de tentar, mesmo sabendo que talvez nunca acontecesse", publicou em seu Instagram o camisa 10, que aos 35 anos finalmente conseguiu o título que faltava em sua brilhante carreira.

Em sua postagem, Messi agradeceu a Maradona, "que nos apoiou do céu", e encerrou afirmando que "muitas vezes o fracasso é parte do caminho e do aprendizado, e sem as decepções é impossível chegar ao sucesso".

O Obelisco da Avenida 9 de Julio de Buenos Aires já reuniu mais de um milhão de pessoas no domingo com a conquista do título e volta nesta terça-feira a ser o epicentro das comemorações.

A enorme concentração de pessoas no local foi empurrando os torcedores até a Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada.

Embora ainda não esteja confirmado se o elenco da seleção argentina irá visitar a sede da Presidência e saudar os torcedores na histórica praça, como aconteceu nas conquistas de 1978 e 1986, milhares de pessoas esperam a chegada da carreata por lá.

"Dizem que vão chegar às 18h. Não importa, vale a pena esperar o tempo que for. Eles esperaram mais", declarou Raúl, um cozinheiro que veio da cidade de Pilar, nos arredores de Buenos Aires.

O terceiro título mundial chega depois de 36 anos de espera, nos quais a Argentina perdeu duas finais, em 1990 e 2014.

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