Decisão julgamento Sport

STJD pune Sport com oito jogos com portões fechados em caso de atentado ao ônibus do Fortaleza

O julgamento do Sport aconteceu nesta terça-feira (12); saiba os detalhes e relembre o caso

Cadastrado por

Robert Sarmento

Publicado em 12/03/2024 às 12:13 | Atualizado em 12/03/2024 às 20:31
Ônibus da delegação do time do Fortaleza depois do atentado - LEO FREITAS / JC IMAGEM

Sport foi punido com oito partidas de portões fechados, multa de 80 mil reais e proibição de ter torcida visitante, enquanto durar a pena, devido ao ataque à delegação do Fortaleza, na madrugada de 22 de fevereiro, quando retornava da Arena de Pernambucano para o hotel, após o jogo da Copa do Nordeste. A punição foi dada em julgamento do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), nessa terça-feira (12).

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O tribunal acatou o pedido do relator Dr. Diogo Maia, baseado no Art.213 Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Por unanimidade, o Sport foi punido com os oitos jogos sem torcida. Contudo, o Leão ainda correu o risco de ser expulso da competição. Um dos auditores votou por retirar o clube da Copa do Nordeste, mas não teve apoio dos outros auditores no julgamento.

O vice-presidente jurídico do Sport, Rodrigo Guedes, afirmou que vai recorrer da decisão. A medida começa a vigorar nesta quarta-feira (13), no duelo entre Sport x Murici, pela segunda fase da Copa do Brasil.

Lembrando que o time disputou duas partidas sem visitantes: Trem-AP, pela Copa do Brasil, e Altos-PI, pela Copa do Nordeste. No entanto, não contam como parte da punição.

A medida não entra em vigor no Campeonato Pernambucano. Portanto, o confronto de volta da semifinal contra o Santa Cruz terá torcedores. No caso, por decisão dos clubes, será torcida única.

ARGUMENTO DE DEFESA DO SPORT

O atentado ao ônibus do Fortaleza aconteceu após o empate em 1 a 1. O veículo estava a oito quilômetros do estádio, quando sofreu uma emboscada de membros de uma torcida organizada.

Essa informação foi a base do argumento usado pelo Departamento Jurídico do Sport para provar que a responsabilidade de evitar o ataque fora da praça desportiva não é da equipe.

Veja o que diz o artigo Art.213, que condenou o Sport:

Deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir:

I - desordens em sua praça de desporto; (AC).
II - invasão do campo ou local da disputa do evento desportivo; (AC).
III - lançamento de objetos no campo ou local da disputa do evento desportivo. (AC).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). (NR).

§ 1º Quando a desordem, invasão ou lançamento de objeto for de elevada gravidade ou causar prejuízo ao andamento do evento desportivo, a entidade de prática poderá ser punida com a perda do mando de campo de uma a dez partidas, provas ou equivalentes, quando participante da competição oficial. (NR).

§ 2º Caso a desordem, invasão ou lançamento de objeto seja feito pela torcida da entidade adversária, tanto a entidade mandante como a entidade adversária serão puníveis, mas somente quando comprovado que também contribuíram para o fato. (NR).

§ 3º A comprovação da identificação e detenção dos autores da desordem, invasão ou lançamento de objetos, com apresentação à autoridade policial competente e registro de boletim de ocorrência contemporâneo ao evento, exime a entidade de responsabilidade, sendo também admissíveis outros meios de prova suficientes para demonstrar a inexistência de responsabilidade. (NR).

Resposta do presidente do Sport

Em pronunciamento, o presidente rubro-negro Yuri Romão reiterou que o Sport não aceita a punição de oito jogos de portões fechados nas competições da CBF. "Não vamos aceitar em hipótese alguma qualquer punição em relação a isso. Vamos lutar até o fim pela mudança da legislação onde puna-se os verdadeiros criminosos, não o clube que tem trabalhado em prol do futebol como o Sport tem trabalhado. Não vamos baixar a cabeça diante desta punição", afirmou.

Nota oficial do Sport sobre a decisão do STJD

"O Sport Club do Recife se posiciona contrário a punição imposta pela Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), na manhã desta terça-feira (12). A vice-presidência jurídica do Rubro-negro vai recorrer dessa decisão descabida e injusta.

Não se pode novamente tratar de um tema tão complexo, que hoje é uma chaga nacional, de maneira tão rasa. Não é possível ir pelo caminho de decisões comprovadamente ineficazes só para criar uma falsa sensação de justiça que nada reflete na realidade e que em nada resulta na redução da violência. É só mais uma cortina de fumaça.

Pelo contrário. Esse tipo de punição coletiva, na verdade, atinge milhões de torcedores inocentes e instituições com centenas de trabalhadores, profissionais e prestadores de serviço, deixando justamente o caminho livre para os verdadeiros criminosos cometerem atos de covardia e violência, como aconteceu no dia 22 de fevereiro. Criminosos que continuam soltos por aí, sem nenhuma responsabilidade dos atos e que seguem aterrorizando a todos que vivem o futebol brasileiro, independente de time, cidade ou Estado. O Sport não pode ser responsabilizado por isso!

Punir uma instituição que não tem nenhuma relação com a torcida organizada, que cumpriu com todas as orientações de segurança e que não tem nenhum poder de Estado para coibir bandidos pela cidade não é fazer justiça. É querer mostrar serviço sem atentar para o verdadeiro problema. A punição, além de não resolver, acoberta e tira o foco e a pressão de se investigar os culpados e as organizações criminosas por trás dos atos.

Não punir esses indivíduos, e sim os clubes, é um caminho desleixado para um problema tão sério. Estamos vivendo um problema social e não desportivo. Uma crise de segurança pública, de norte a sul, rodada após rodada. É preciso entender e levar a sério a complexidade do tema. Cobrar atitude dos órgãos responsáveis. Afinal, nenhum clube do Brasil vai resolver esse grave problema sozinho.

Só com comprometimento total do poder público, responsabilidade, rigidez e cooperação dos serviços de inteligência é que vamos avançar."

RELEMBRE O CASO DO ATENTADO

Ao todo, seis jogadores do Leão do Pici ficaram feridos. As investigações seguem em sigilo por parte da Polícia Civil de Pernambuco. "Não podemos entrar em detalhes da investigação para não atrapalhar", afirmou o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, em coletiva em imprensa.

Os vídeos foram publicados nas redes sociais pelo CEO do Fortaleza, Marcelo Paz. Em entrevista a Rádio Jorna, o presidente do Sport, Yuri Romão, prometeu tomar medidas contra a Torcida Jovem.

POLÍCIA MILITAR NÃO APREENDEU EXPLOSIVOS

O Blog do Jamildo teve acesso ao documento interno do Batalhão de Choque e descobriu que os explosivos não foram apreendidos e apenas impediu que fossem levados para as arquibancadas.

O registro oficial também revela que a Polícia Militar efetuou "quatro disparos de arma de fogo para cima (advertência) para proteger a integridade física do efetivo e dos funcionários civis".

Ônibus do Fortaleza foi atacante por torcida do Sport após o jogo da Copa do Nordeste - LEO FREITAS / JC IMAGEM
Ônibus da delegação do time do Fortaleza sofreu um atentado por parte de membros de torcida uniformizada do Sport, após jogo na Arena de Pernambuco - LEO FREITAS / JC IMAGEM
Ônibus da Delegação do time do Fortaleza. SDS explica escolta de oito policiais: "Se não estivesse lá seria muito pior". - LEO FREITAS / JC IMAGEM
Ônibus da delegação do time do Fortaleza sofreu um atentado por parte de membros de torcida uniformizada do Sport, após jogo na Arena de Pernambuco - LEO FREITAS / JC IMAGEM

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