Depois de várias partes envolvidas se pronunciarem sobre a continuidade do Campeonato Pernambucano, incluindo o vice-presidente do Santa Cruz, Tonico Araújo, que afirmou achar difícil que o Estadual retorne, além do presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, que afirmou que a FPF não tem condições de bancar a continuidade da competição, foi a vez do técnico Itamar Schulle opinar. O treinador demonstrou preocupação com a organização das datas pela CBF e federações para que os jogos sejam retomados. Ele também foi enfático ao dizer que não concorda com o cancelamento do Estadual, em que despreze tudo que foi feito na primeira fase.
"À medida que o tempo vai passando, o calendário vai ficar mais estreito ainda pelos (campeonatos) brasileiros, e a gente não tem uma noção de como vão prosseguir, até quando que vai permanecer da maneira sua está. Quanto mais tempo passa, serão menos datas e vai ser muito difícil ter um calendário para terminar estaduais, copas como a própria Copa do Nordeste, porque vejo que vai ter poucas datas até para ao Campeonato Brasileiro. Mas a nossa esperança é de que a CBF venha organizar isso de maneira para que a gente possa terminar" argumentou o comandante coral em entrevista ao repórter João Victor Amorim, da Rádio Jornal.
"O estadual tem um glamour de ser um campeonato que todas as equipes participam, de cada estado. É um carinho de cada torcedor com a equipe de sua cidade, e a gente torce para que esse campeonato possa terminar. Se não for possível, no meu ver, quem estava na frente, com melhor campanha, tem que ter uma premiação. Não é simplesmente cancelar tudo. Tudo que foi feito até então se joga no lixo? Vejo que não pode ser dessa maneira. Torço para que possa voltar, terminar a Copa do Nordeste, não sei em quantas datas mas, se for possível, vai ser muito importante para o futebol e todas as coisas que o envolvem", acrescentou.
Itamar Schulle defende que o título nos Estaduais pelo país seja dado para as equipes que tiveram melhor desempenho no momento em que a competição foi interrompida. Mesmo acreditando que é possível que essa medida não seja tomada, e sim a nulidade de tudo que foi jogado nestes três primeiros meses, ele crê que essa seria uma decisão injusta. E cita exemplos de outros estados para defender a sua ideia.
"Não falo só do Campeonato Pernambucano, mas das demais competições. Se você anula, por não ter acontecido esse jogo ou aquele, mas então tudo que todo mundo fez não teve consequência, valor nenhum? Será anulado? Pode ser que façam isso, mas e a equipe que lutou tanto, não falo só o Santa Cruz? E a equipe que teve capacidade, lutou tanto para estar na liderança do começo ao fim, para estar bem na frente das demais equipes no campeonato, e simplesmente anula. Em vários estados tem isso. O Caxias, no Rio Grande do Sul, há muitos anos que não se sangrava campeão, aí ganhou o primeiro turno e anula tudo isso, joga tudo isso fora?", indagou.
Acho que é uma coisa que a CBF também já devia ter reunido com os clubes e decidido. Uma coisa é tu dizer 'anula e nada existiu'. Outra coisa é você premiar aquilo que alguém conquistou, pelo menos tendo uma final ou algo nesse sentido, para premiar a luta dessas equipes que fizeram um grande trabalho. Esse é meu ponto de vista mas, claro, sempre priorizando a saúde de todos, que é o mais importante no momento. E quando esse mal passar, que eu creio que vai passar, que a gente possa também continuar o nosso trabalho, pautado naquilo que cada um vinha construindo ao longo da competição", concluiu o técnico do Santa Cruz.