O governo e os governistas comemoraram duplamente a performance de Eduardo Pazuello na CPI: botou um muro no caminho mais curto até o clã Bolsonaro e dividiu as atenções da imprensa e dos brasileiros com a operação da PF que mira o ministro Ricardo Salles. O "Dia D", por ora, frustrou quem tinha expectativas de um depoimento quente e cheio de novidades. Para a cúpula da CPI, o ex-ministro da Saúde estava bem preparado e confiante (até demais), escorado na possibilidade de se calar com o habeas corpus concedido pelo Supremo.
Menos mal
A visão do Planalto é mais ou menos esta: melhor as atenções estarem voltadas para Pazuello porque o desgaste da CPI está precificado e não comove o bolsonarista raiz. Já as graves suspeitas contra Salles atingem em cheio o discurso anticorrupção....
Melhor não
Senadores da cúpula da CPI da Covid esperam que Ricardo Lewandowski não conceda mais o antídoto às próximas testemunhas. Acham que deixou Pazuello soltinho demais...
Um astuto observador do STF diz: o habeas corpus de Pazuello não o autorizou a desacatar os senadores. Ou seja, é melhor o general baixar a bola.
Suave na nave
Do entorno de Pazuello: o desempenho dele foi nota dez. Não perdeu a cabeça, deu respostas atravessadas que renderam material para as redes bolsonaristas e só não respondeu a uma pergunta.
Para o segundo tempo hoje, aliados do general acham que a pegada será mais do mesmo.
Pai tá on
Renan Calheiros (MDB-AL) recebeu nada menos que 28.353 sugestões de perguntas de internautas a Pazuello. Deve continuar aceitando sugestões para os próximos depoimentos. O relator bombou: foram 25 mil compartilhamentos nos "stories".
Zoeirinha
Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) é o típico aluno da "turma do fundão" na CPI: só na aparece para tumultuar.
Vixe!
Não passou despercebido por colegas de carreira de Ernesto Araújo o tratamento diferenciado que o ex-chanceler teve em comparação a Pazuello. O que foi visto como desrespeito por alas do Itamaraty.
Como?
Secretários municipais de Saúde do Estado estranharam o anúncio do governo paulista de flexibilizações nas regras de restrição à circulação de pessoas: os índices de ocupação de leitos de UTI e de contágio ainda estão em patamares altos nas cidades.
Pé no freio
Presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), Natalia Pasternak diz que a flexibilização em São Paulo, "com a chegada do inverno e números ainda expressivos de casos e óbitos, pode ser um tiro no próprio pé".
"Não é momento de relaxar, mas de intensificar as medidas, com boas campanhas para evitar aglomerações e uso de máscaras", afirma a cientista.
Cobiçado
Presidente do PSL-SP, Júnior Bozzella recebeu convite para integrar o PSDB e o MDB. Almoçou com João Doria ontem, 19. "Nossa sigla não deve se colocar nessa posição vulgar e fisiológica de querer vender caro um possível apoio ao bolsonarismo", disse, sobre a reaproximação do PSL com o clã. (COM MARIANNA HOLANDA)
PRONTO, FALEI!
Márcio Astrini - Secretário executivo do Observatório do Clima
"Brasil, 2021. Ninguém sabe se o ministro do Meio Ambiente vai terminar a semana no cargo, demitido ou preso", sobre operação da PF contra Ricardo Salles.