Fechar Wuhan pode ter evitado 700.000 casos de Covid-19, dizem pesquisadores

Cidade chinesa foi a zona zero da pandemia de covid-19
AFP
Publicado em 31/03/2020 às 16:01
Wuhan começa a reduzir quarentena e moradores da cidade voltam a, gradativamente, circular pela cidade Foto: HECTOR RETAMAL / AFP


A decisão da China de fechar a cidade de Wuhan, zona zero da pandemia de Covid-19, pode ter evitado mais de 700.000 novos casos da doença ao retardar a expansão do vírus, disseram pesquisadores nesta terça-feira (31). As drásticas medidas de controle tomadas pela China nos primeiros 50 dias da epidemia permitiu que houvesse um tempo valioso para outras cidades do país se prepararem e colocarem em ação suas próprias restrições, segundo um trabalho de pesquisadores de China, Estados Unidos e Reino Unido, publicado na revista Science.

Para o dia 50 da epidemia - 19 de fevereiro - tinham 30.000 casos confirmados na China, disse um dos autores do estudo, Christopher Dye, da Universidade de Oxford. "Nossa análise sugere que sem a restrição de viagens sobre Wuhan e a resposta de emergência nacional, teria havido mais de 700.000 casos confirmados da Covid-19 fora de Wuhan até essa data", disse em comunicado. "As medidas de controle chinesas parecem ter funcionado ao romper de maneira exitosa a cadeia de transmissão, prevenindo o contato entre pessoas infectadas e suscetíveis", ressaltou.

Os pesquisadores usaram uma combinação de informações sobre os casos, de saúde pública e dados de rastreio remoto de dados de celulares para investigar a propagação do vírus. O rastreio de celulares permitiu um fluxo de dados novo e "fascinante", disse outro autor do estudo, Ottar Bjornstad, professor de biologia na Penn State. O período de tempo que estudaram incluiu duas das principais festividades da China, o festival da primavera e o ano novo lunar.

Os pesquisadores "foram capazes de comparar padrões de viagem de e para Wuhan durante o surto com dados móveis de telefones correspondentes aos dois festivais primaverais anteriores", disse Bjornstad. "A análise revelou uma extraordinária redução do movimento após a restrição de viagens a partir de 23 de janeiro de 2020. Baseando-se nesses dados, também podemos calcular a provável redução de casos associados a Wuhan em outras cidades da China", explicou.

O fechamento de Wuhan atrasou a chegada do vírus a outras cidades, segundo mostrou o modelo, dando a essas localidades tempo para se preparar mediante a proibição de reuniões e do cancelamento das atividades de entretenimento, entre outras medidas. Quase a metade da população mundial está atualmente isolada em suas casas para evitar a expansão do vírus, e as quarentenas e fechamentos das fronteiras foram se tornando normais com rapidez.

Mas quando Pequim ordenou o fechamento de Wuhan há mais de dois meses, a decisão foi vista como uma medida dramática na luta contra a Covid-19. Com a suspensão paulatina das restrições na cidade e a vida voltando à normalidade, a pergunta para a China - e muitos outros países - é o que acontecerá depois que o movimento volte ao normal. "Somos plenamente confiantes de que infecções locais ou importadas poderiam levar a um ressurgimento das transmissões", disse outro autor do estudo, Huaiyu Tian, professor de epidemiologia na Beijing Normal University.

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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