Um grande estudo com quase 100.000 pacientes com COVID-19 descartou que a cloroquina e a hidroxicloroquina são eficazes contra o novo coronavírus, enfatizando que os dois medicamentos aumentam o risco de morte.
A hidroxicloroquina é normalmente usada para tratar doenças como a artrite, enquanto a cloroquina é empregada no tratamento da malária.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que tomava a hidroxicloroquina como medida preventiva contra a COVID-19, enquanto o governo de Jair Bolsonaro recomenda ambos para o tratamento de pacientes com sintomas leves do novo coronavírus.
Os autores do estudo, publicado nesta sexta-feira na revista científica The Lancet, enfatizam que os dois medicamentos não tiveram efeito em pacientes hospitalizados com COVID-19.
Com base em dados de 96.000 pacientes internados em centenas de hospitais, os pesquisadores concluíram que ministrar essas drogas aumentava o risco de morte nos enfermos.
Para chegar a esta conclusão, compararam os resultados de quatro grupos: aqueles que foram tratados apenas com hidroxicloroquina, apenas com cloroquina e dois grupos que receberam um dos dois combinado com antibióticos.
Houve também um grupo de controle de pacientes que não receberam nenhum desses tratamentos. No final do estudo, 9% deles morreram.
Entre aqueles que foram tratados apenas com hidroxicloroquina e cloroquina, 18% e 16,4% morreram, respectivamente.
Com antibióticos, morreram 22,8% daqueles que receberam cloroquina e 23,8% daqueles que tomaram hidroxicloroquina.
Com base nesses dados, os autores do estudo estimaram que, com esses medicamentos, os pacientes apresentavam um risco 45% maior de morrer do que aqueles que já sofriam de algumas patologias.
"O tratamento com cloroquina ou hidroxicloroquina não beneficia os pacientes com COVID-19", disse Mandeep Mehra, principal autor do estudo e diretor executivo do Brigham and Women's Hospital Center for Advanced Heart Disease, em Boston.
"Pelo contrário, nossa constatação sugere que pode estar associado a um risco aumentado de problemas cardíacos graves e a um risco aumentado de morte", afirmou.
Vários estudos anteriores já haviam destacado a falta de benefícios da hidroxicloroquina e seus possíveis riscos.
Trump defende a hidroxicloroquina, apesar de a agência governamental FDA desaconselhar seu uso para o tratamento da COVID-19.
A Grã-Bretanha, por sua vez, fez um pedido desse medicamento no valor de US$ 42 milhões.
Stephen Griffin, professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Leeds, que não participou do estudo publicado na The Lancet, estimou que esses resultados "podem ser cruciais para o tratamento da COVID-19".
"Eles indicam que esses medicamentos não devem ser usados fora de um estudo clínico, que permite que os pacientes sejam monitorados quanto a complicações", disse Griffin.
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Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.