Vacina chinesa para covid-19 testada em humanos tem resultados iniciais seguros e se mostra eficaz, diz estudo

O resultado da vacina chinesa foi publicado em uma revista inglesa
Thalis Araújo
Publicado em 22/05/2020 às 21:52
No momento, o mundo inteiro corre contra o tempo para desenvolver a vacina do novo coronavírus Foto: KARIM SAHIB/AFP


Um estudo publicado nesta sexta-feira (22), na revista científica inglesa Lancet, trouxe esperança para o mundo, diante da pandemia do novo coronavírus. É que a pesquisa classifica como positivos os resultados de uma vacina que foi testada em humanos contra o vírus. O produto foi desenvolvido pela empresa farmacêutica chinesa CanSino. Segundo a pesquisa, a imunização tem um perfil de segurança adequado e consegue estimular a resposta do organismo contra a covid-19.

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Conduzida por pesquisadores de vários laboratórios, a pesquisa incluiu 108 participantes com idades entre 18 e 60 anos. Os que receberam uma única dose da vacina produziram células imunes, que são chamadas de células T, no período de duas semanas. Os anticorpos que são necessários para a imunidade contra a doença atingiram o pico 28 dias depois da inoculação.

Resultado positivo

O diretor de pesquisa de vacinas do Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston, Daniel Barouch, afirma que "os dados são promissores, mas são dados iniciais". Embora não estando envolvido com o trabalho, ele ressalta: "Acima de tudo, eu diria que são boas notícias".

O teste tem o objetivo de avaliar a segurança da imunização, mas a eficácia da vacina só poderá ser provada efetivamente quando for aplicada em milhares ou, talvez, centenas de milhares de pessoas.

A elaboração de uma vacina para combater o novo vírus é considerada como a melhor solução para combater a pandemia e ajudar na reabertura dos países. Pelo mundo inteiro, cerca de 100 equipes estão trabalhando a todo vapor para testar vacinas que são candidatas para solucionar o problema.

Outros anúncios de testagens de vacinas contra a covid

Durante esta semana, vários anúncios relacionados a vacinas foram feitos. Imunizações desenvolvidas por diversas empresas como Pfizer e BioNTech já começaram a ser testadas em seres humanos. Na última quinta-feira (21), a autoridade de saúde americana anunciou que daria cerca de US$ 1,2 bilhão para a empresa AstraZeneca desenvolver uma potencial vacina.

Na última segunda-feira (18), a empresa farmacêutica Moderna, em Cambridge, Massachusetts, nos Estados Unidos, anunciou que a sua vacina de RNA se mostrava segura e eficaz, mas esta só foi testada em apenas oito pessoas. Já na quarta (20), pesquisadores de Boston informaram que o protótipo da imunização protegeu macacos contra a infecção pelo coronavírus.

A testagem foi realizada entre 16 e 27 de março, em 108 pacientes não contaminados com a covid, em um único local de Wuhan, onde a pandemia se iniciou.

A CanSino afirma que está apostando em um patógeno modificado, que faz parte do grupo dos adenovírus, como vetor. Esse adenovírus modificado geneticamente vai carregar o material genético onde está contido o código para a proteína S, mais ou menos como acontece no caso da vacina americana de RNA. A diferença é que os vírus conseguem "entregar", de forma ativa, a informação genética da imunização. Em tese, isto pode ser mais eficiente do que o material geneticamente "solto". No entanto, pode haver maiores chances de efeitos colaterais.

Contudo, muitas pessoas já foram expostas ao novo coronavírus e isso levanta a preocupação de que a presença dos anticorpos venha atrapalhar o funcionamento amplo da imunização contra a covid. Mais ou menos metade dos participantes da testagem possuíam anticorpos poderosos para o adenovírus Ad5 antes de serem vacinados.

Os pesquisadores chineses descobriram que as pessoas que tinham o Ad5 eram as menos propensas a desenvolver uma forte resposta imune à vacina. O pesquisador da Escola Nacional de Medicina Tropical de Baylor College of Medicine, Peter Hotez, acha que "isso pode limitar o uso dessa vacina". "Se você está comparando vacinas, as adenovírus até agora parecem estar na extremidade inferior do espectro", disse.

Outras equipes se voltaram para o adenovírus para desenvolver imunizações contra o novo coronavírus, mas estão utilizando cepas menos comuns, ou até de animais, para contornarem o problema.

Somente um subconjunto de pessoas no novo estudo conseguiu produzir os anticorpos neutralizantes para o vírus, os tipos de moléculas necessárias para a imunidade contra a doença. Algumas outras vacinas relataram bons resultados nos níveis de anticorpos neutralizantes.

Após a vacinação, pessoas com idades entre 45 e 60 anos também produziram respostas imunológicas mais fracas do que os participantes mais jovens. Essas respostas podem ser ainda mais fracas entre pessoas com mais de 60 anos.

Os pesquisadores testaram três doses. Eles afirmaram que a dose mais alta parecia ser a mais eficaz. Os especialistas afirmam que essa resposta à dose é encorajadora. Aproximadamente 80% dos participantes informaram que tiveram, pelo menos, um efeito colateral, todos esperados com uma vacina viral, disseram os especialistas.

Quase a metade dos pacientes relatou que, além da dor no local onde receberam a injeção, sentiu também febre, fadiga e dores de cabeça. A cada cinco pessoas, uma sentiu dores musculares.

"O mundo precisa de várias vacinas"

Os pesquisadores foram elogiados por especialistas por publicarem todos os dados da pesquisa, o que abre possibilidade para outros especialistas revisarem os estudos. Finalizando, Barouch diz: "O que esperamos é que não haja uma vacina, mas várias vacinas que serão aprovadas. O mundo precisa de várias vacinas".

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

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