O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama aplaudiu nesta quarta-feira (3) os "profundos" protestos de americanos exigindo justiça racial e disse que as manifestações após o assassinato, na semana passada, de um homem negro sob a custódia de um policial branco pode produzir reformas nacionais.
Em seus primeiros comentários em vídeo desde que a morte de George Floyd, em 25 de maio, em Minneapolis, deu origem a protestos em todo o pais, o antecessor do presidente Donald Trump também urgiu as autoridades estaduais e locais a revisarem suas políticas sobre o uso da força.
Obama dirigiu seus comentários aos jovens negros e negras que, segundo ele, sempre testemunharam ou experimentaram violência demais.
"Com muita frequência parte desta violência vem de gente que devia servir e proteger vocês", disse Obama em um 'webcast' com ativistas.
"Eu quero que vocês saibam que vocês importam. Eu quero que vocês saibam que suas vidas importam, que seus sonhos importam", acrescentou.
Obama também disse ao final de sua declaração que os americanos têm testemunhado "mudanças e eventos épicos em nosso país que são dos mais profundos que eu vi na vida".
Aos 58 anos, Obama, que se mantém popular entre os eleitores democratas, lembrou a ascensão mortal do movimento pelos direitos civis, nos anos 1960, e disse que "uma diversidade muito mais representativa da América" está protestando agora comparada à de meio século atrás.
"Está ocorrendo uma mudança de mentalidade, um reconhecimento maior de que nós podemos fazer melhor", disse Obama.
Os protestos têm atraído em particular jovens manifestantes, afirmou, e sua motivação pode servir de inspiração para uma mudança mais ampla.
"É muito importante que nós aproveitemos o impulso que foi criado como sociedade, como país, e dizer, 'Vamos usar isto' para finalmente termos um impacto", disse Obama.
Ele também se dirigiu aos líderes locais do país, afirmando: "eu encorajo todo prefeito deste país a revisar suas políticas de uso da força com membros da sua comunidade e se comprometer a reportar as reformas planejadas".
Obama não se dirigiu diretamente à gestão de Trump da crise, incluindo o pedido controverso do presidente de que as autoridades "dominassem" os manifestantes.
Mas o ex-presidente teria ficado indignado com o uso de produtos químicos para dispersar os manifestantes do lado de fora da Casa Branca na segunda-feira, antes de Trump caminhar até uma igreja vizinha, onde posou para fotos com uma Bíblia na mão.