Derrubada por manifestantes, estátua de comerciante de escravos em Bristol, no Reino Unido, não deverá ser reinstalada

A estátua de Colston dá nome a estradas, escolas, prédios e hospitais na cidade
AFP
Publicado em 08/06/2020 às 12:22
Manifestantes jogam estátua de Edward Colston no rio river Avon, em Bristol Foto: AFP


Os protestos antirracistas que começaram nos Estados Unidos, após a morte de George Floyd pela polícia, se espalharam pelo mundo e chegaram na Inglaterra. Em Bristol, no último domingo (7), uma estátua de um comerciante de escravos do século XVII provocou indignação dos manifestantes, que a derrubaram e jogaram-na em um rio Avon, que corta a cidade. O ato incomodou o governo britânico, entretanto, o prefeito da cidade, Martin Rees afirmou, nesta segunda-feira (8), que prefere deixar a peça em um museu do que reinstalar a mesma na rua.

De acordo com a polícia local, as manifestações ligadas ao movimento “Vidas Negras Importam”, em Bristol, reuniram mais de 10 mil pessoas neste domingo e foram, em sua maioria, pacíficas. Edward Colston, representado pela estátua de bronze erigida em 1895, além de dar nome à rua que estava localizada o monumento, está presente em nome de estradas, escolas, prédios e hospitais na cidade. A manutenção da estátua do comerciante de escravos e deputado, que financiou muitas instituições em Bristol, foi objeto de debate durante anos.

"É um homem responsável pelo envio de 100.000 pessoas da África ao Caribe para que se tornassem escravas, incluindo mulheres e crianças, com o nome de sua empresa no peito", denunciou o líder da oposição trabalhista, Keir Starmer. "Não se pode ter uma estátua de um comerciante de escravos no Reino Unido no século XXI", completou.

Apoio de celebridades

Celebridades britânicas como o cantor pop Lewis Capaldi, o rapper Stormzy e o boxeador Anthony Joshua participaram nos protestos.  O jogador do Manchester City Raheem Sterling apoiou os manifestantes: "A única doença neste momento é o racismo contra o qual lutamos", declarou à BBC no domingo. Lewis Hamilton, seis vezes campeão de Fórmula 1, defendeu os protestos e a derrubada das estátuas. Ele afirmou estar "orgulhoso" dos manifestantes que atacaram a estátua de bronze de Edward Colston, instalada em 1895 em uma rua que leva seu nome nesta cidade do sudoeste da Inglaterra.

A estátua não será reinstalada

Sobre a derrubada, o prefeito Marvin Rees afirmou que não pode tolerar esse dano. "Estou muito preocupado com as implicações que uma grande manifestação pode ter sobre uma segunda onda de contaminação do coronavírus", disse o prefeito. "Mas sou de origem jamaicana e não posso dizer que tenho uma verdadeira sensação de perda por esta estátua", completou, antes de explicar que a via como uma "afronta pessoal" e que considera sua derrubada como um momento "histórico".

Marvin também afirmou que é "muito provável" que a estátua termine em um museu. Ao mesmo tempo, a Associação de Proteção do Patrimônio Histórico da Inglaterra condenou a ação, mas afirmou que concorda que "a estátua é um símbolo de injustiça". "Não acreditamos que deve ser reinstalada", afirma em um comunicado.

Winston Churchill

Outra estátua foi atacada no domingo, diante do edifício do Parlamento em Londres, a do ex-primeiro-ministro conservador Winston Churchill, um herói da Segunda Guerra Mundial. "Era um racista", escreveram sobre seu nome no pedestal. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, condenou a violência durante as manifestações antirracistas do fim de semana, mas não fez comentários sobre a derrubada da estátua de Colston.

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