O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta terça-feira (23) a passagem da Inglaterra para uma nova fase do desconfinamento, em 4 de julho.
Nesta data, serão reabertos bares, restaurantes, hotéis, salões de beleza, cinemas e museus. Casamentos também poderão voltar a ser realizados.
"Hoje podemos dizer que nossa longa hibernação nacional está chegando a seu fim", afirmou o líder conservador ao anunciar, diante da Câmara dos Comuns, que setores como turismo, restauração e cultura poderão reabrir as portas para o público.
Para que os setores de restauração e turismo possam ser reativados com a chegada do verão (inverno no Brasil), Johnson anunciou ainda que se reduzirá de dois para um metro - "quando não for possível manter mais" - a distância entre pessoas até então recomendada para evitar a propagação do novo coronavírus.
O território está há mais de três semanas suspendendo progressivamente o confinamento imposto em 23 de março.
A reabertura anunciada nesta terça-feira é a maior até o momento e é considerada bem-vinda tanto pelo setor de hotelaria, quanto pelo da cultura, assim como por britânicos que pretendem, em grande número, evitar as frequentadas praias estrangeiras e veranear no país.
Johnson advertiu, porém, que "quanto mais nós abrirmos, mais vigilantes temos que ser".
"O vírus não desapareceu, e haverá novos surtos", afirmou, assegurando que, se a situação se descontrolar, poderá voltar a aplicar "restrições inclusive em nível nacional".
Os números diários de infecções e de óbitos pelo coronavírus no Reino Unido, o país mais castigado da Europa com 42.647 mortos, continuam diminuindo.
Na segunda-feira, foram registrados 15 falecimentos, um piso desde 15 de março, embora os dados no início de cada semana sejam artificialmente baixos pelos atrasos nos registros de sábado e domingo.
O governo vai impor às salas de cinema, ou de exposições, que adotem medidas de distanciamento físico, como circulação em apenas um sentido, filas espaçadas, aumento da ventilação e reserva de entradas.
No caso de restaurantes e hotéis, será pedido que "coletem informação de contato dos clientes, como já se faz em outros países", para poder localizá-los no caso de detecção de um surto de COVID-19, explicou Johnson aos deputados.
Também haverá medidas de segurança sanitária nos salões de beleza, e os casamentos não poderão reunir mais de 30 pessoas, completou.
Para poder se reencontrar com familiares e amigos a partir de 4 de julho, os integrantes de duas casas diferentes estarão autorizados a se reunir ao ar livre, ou no interior. E isso não será excludente, ou seja, poderão se juntar a outros grupos, em outros dias.
O Executivo também está em contato com o setor de apresentações ao vivo para encontrar uma maneira para que possam reabrir "o quanto antes", acrescentou o premier.
Nos últimos meses, o Reino Unido aumentou muito consideravelmente sua capacidade de realizar testes de COVID-19, alcançando 200.000 diários. Agora, o governo diz estar aplicando testes, de forma regular, em todos os lares para idosos, além de ter estendido essa verificação para toda população.
Na segunda-feira, menos de mil pessoas (958) haviam dado positivo nas últimas 24 horas. De acordo com o ministro da Saúde, Matt Hancock, apenas um a cada 1.700 habitantes tem o vírus agora, contra um a cada 400 há um mês.
O balanço da pandemia é grave, porém. Segundo dados oficiais do Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS) - órgão que, ao contrário do governo, inclui todas as mortes atribuídas à COVID-19 (mesmo que o teste não tenha sido realizado) -, o número de mortos era de quase 53.000 até 12 de junho.
As medidas de desconfinamento anunciadas por Johnson serão aplicadas apenas à Inglaterra. Os governos autônomos de Escócia, Gales e Irlanda do Norte seguem seu próprio calendário.