Alemanha ordena reconfinamento de dois cantões após surto de covid-19

Novo confinamento é para os catões de Gütersloh e Warendorf, no oeste do país
AFP
Publicado em 23/06/2020 às 15:26
Locais registraram 1.500 novos casos de covid-19 Foto: INA FASSBENDER / AFP


A Alemanha anunciou nesta terça-feira (23), pela primeira vez, o restabelecimento do confinamento em dois cantões do país, onde vivem mais de 600.000 pessoas, devido ao surgimento de um surto de 1.500 casos do novo coronavírus, vinculado a um grande matadouro de animais.

Cerca de 360.000 pessoas que vivem no cantão de Gütersloh e outras 280.000 residentes no cantão de Warendorf, no oeste do país, voltarão a conviver com limitações aos deslocamentos e atividades por uma semana, para tentar conter a propagação do vírus. Não vão precisar, porém, permanecer em suas casas.

"Vamos reordenar um confinamento em todo cantão de Gütersloh", no oeste do país, disse à imprensa o líder da região da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet. Previsto para durar até 30 de junho, este reconfinamento significará a redução do contato social, o fechamento de bares, cinemas e museus, assim como a proibição de atividades de lazer em espaços fechados.

Os restaurantes podem abrir, mas com restrições, segundo Laschet, possível sucessor da chanceler Angela Merkel e candidato à liderança de seu partido, a CDU, em dezembro próximo. Estas medidas drásticas, dez dias antes das férias escolares, visam "acalmar a situação e aumentar os testes" de detecção, segundo Laschet.

A população recebeu essas medidas drásticas com alívio. Alguns até preferiam que as autoridades as impusessem mais cedo. "É um pouco tarde, caso contrário não haveria tal disseminação", disse Brigitte Jäger, moradora de Rheda-Wiedenbrück, perto de Gütersloh, onde fica o matadouro.

Com cerca de 9.000 mortes por coronavírus até o momento, a Alemanha tenta controlar uma importante fonte de contaminação naquele que é considerado o maior matadouro de animais da Europa.

O estabelecimento fica perto de Gütersloh e tem cerca de 6.700 funcionários. Muitos são procedentes da Bulgária e da Romênia.

Na noite de segunda-feira, as autoridades locais anunciaram que 1.553 pessoas estão infectadas com a covid-19 neste cantão. Cerca de 7.000 se encontram em quarentena, 21, hospitalizadas, e seis, em terapia intensiva.

Todos os funcionários do grupo, que tem faturamento anual de 6,6 bilhões de euros (7,3 bilhões de dólares), dos quais metade em exportações, foram colocados em quarentena.

As redes de televisão transmitem imagens de pessoas apresentadas como funcionárias do matadouro, esperando atrás de barreiras de metal na entrada de suas residências por agentes da polícia, que usam luvas e máscaras, para fornecer comida e bebida.

O surgimento de vários focos de contaminação em matadouros na Alemanha, mas também na França, reativou o debate sobre as condições de trabalho nesses locais, geralmente denunciados por associações ambientais.

O número particularmente alto de casos em matadouros poderia ser explicado pelo frio e pelas partículas de aerossol que permaneceriam suspensas no ar por mais tempo, segundo o instituto de vigilância sanitária RKI.

Neste contexto, o governo de Angela Merkel decidiu reforçar os regulamentos sanitários nesses matadouros.

Por outro lado, esse reconfinamento, mesmo que parcial e local, representa um grande revés para o líder da região, Armin Laschet, que há semanas apoia o relaxamento das medidas de confinamento, para ajudar a revitalizar a economia.

Além disso, o líder já foi severamente criticado por ter acusado trabalhadores romenos e búlgaros de terem causado esse surto de contaminação, depois de viajar para seus países de origem.

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