Nova York corta orçamento da polícia

"Desfinanciar a polícia" é uma das demandas do movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam)
AFP
Publicado em 01/07/2020 às 16:42
Chefe da polícia de Nova York confirmou que 11 vítimas foram levadas ao hospital com ferimentos graves e oito pessoas morreram Foto: Foto: GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP


Legisladores da cidade de Nova York aprovaram um orçamento polêmico que alega cortar o orçamento anual da polícia em US$ 1 bilhão, mas manifestantes antirracistas o questionam e exigem mais medidas para realmente "desfinanciar a polícia".

"Desfinanciar a polícia" é uma das demandas do movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam), cujos membros protestam em massa contra o racismo e a violência policial desde a morte de George Floyd, um homem negro, pelas mãos de um policial branco em Minneapolis em 25 de maio.

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Centenas de manifestantes acamparam por uma semana em frente ao Conselho Municipal para pressionar os legisladores a reduzir o orçamento da polícia (NYPD), a maior força do país com mais de 36.000 oficiais, e para que esse dinheiro seja destinado a serviços sociais.

Na noite de terça-feira, os legisladores aprovaram o orçamento municipal para o novo ano fiscal que começa nesta quarta (01) e, de acordo com o prefeito Bill de Blasio, o orçamento operacional anual da NYPD será reduzido de cerca de US$ 6 bilhões para US$ 5 bilhões.

O prefeito anunciou que instalará símbolos do movimento Black Lives Matter "em toda a cidade, inclusive em frente à Trump Tower" na Quinta Avenida, onde o presidente Donald Trump tem sua residência pessoal e onde seu grupo imobiliário, a Organização Trump, opera.

"Queremos que o presidente o esculte porque nunca demonstrou respeito por essas três palavras", Black Lives Matter, disse Blasio ao canal da MSNBC.

"Talvez nossa GRANDE polícia, que foi neutralizada e desprezada por um prefeito que a odeia e desrespeita, não permita que esse símbolo de ódio seja instalado na melhor rua de Nova York", respondeu Trump em sua conta no Twitter.

De Blasio lembrou na mesma rede social que os negros "construíram a Quinta Avenida e grande parte desta nação". "Seu 'luxo' vem do trabalho DELES, pelo qual nunca foram razoavelmente compensados. Estamos honrando-os. O fato de você considerar isso como denegrir sua rua é a definição de racismo", escreveu de Blasio a Trump.

Os cortes orçamentários incluem abandonar os planos de contratar cerca de 1.160 novos policiais, assim como reduzir os custos de horas extras e a transferência da equipe administrativa.

Mas alguns legisladores acusaram o governo municipal de simplesmente transferir o dinheiro para outro caixa e afirmaram que cerca de US$ 400 milhões do corte vieram da decisão de transferir a responsabilidade de proteger as escolas públicas para o Departamento da Educação.

O vereador do Brooklyn, Brad Lander, afirmou que votou contra o orçamento porque este não propôs "cortes reais, significativos", incluindo o congelamento da contratação de policiais.

"O orçamento votado nesta noite NÃO corta 1 bilhão de dólares da NYPD", tuitou.

A NYPD enfrenta críticas por sua mão dura contra manifestantes, em sua grande maioria pacíficos, que protestaram contra a morte de Floyd, defendida pelo prefeito.

Os manifestantes que acampam em frente ao legislativo municipal acreditam que os cortes orçamentários não vão longe o suficiente.

"Sinto que esse Conselho Municipal está tirando sarro de nossas demandas. Dizem que vão desfinanciar a polícia, mas buscam maneiras ocultas de financiá-la", disse Mary-Kate Mahaney, de 17 anos, à AFP.

"O Conselho Municipal cortou US$ 1 bilhão da NYPD através de alguns truques orçamentários e medidas de transferência de custos (...), enquanto reduziu o orçamento do Departamento da Educação e outros programas fundamentais de serviços cruciais para imigrantes nova-iorquinos de baixa renda", lamentou Steve Choi, presidente da Coalizão de Imigração de Nova York.

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