Em um EUA dividido, o presidente Donald Trump e o presidente eleito Joe Biden homenagearam os soldados americanos separadamente nesta quarta-feira (11), um tradicional momento de unidade nacional afetado pela recusa do líder republicano em admitir a derrota perante seu rival democrata.
Em sua primeira aparição oficial pós-eleitoral, Trump compareceu antes do meio-dia ao Cemitério Nacional de Arlington, no estado da Virgínia, em cerimônia que marca o aniversário do fim da Primeira Guerra Mundial, ocorrida debaixo de chuva, onde optou por não fazer nenhuma declaração à imprensa. Trump depositou flores no túmulo de um soldado desconhecido, onde permaneceu por alguns minutos em silêncio, em gesto de respeito.
Em comunicado divulgado previamente pela Casa Branca, declarou: "Como comandante-chefe, lutei incansavelmente para apoiar os veteranos americanos [...] Desfrutamos dos privilégios de paz, prosperidade e liberdade graças aos nossos veteranos, e estaremos sempre em dívida com eles."
Quase ao mesmo tempo, o democrata Joe Biden marcou presença no memorial da Guerra da Coreia localizado na Filadélfia, Pensilvânia, onde também depositou flores em homenagem aos veteranos. Em um comunicado, o líder democrata recordou a dívida do povo americano com suas forças armadas.
A "única obrigação verdadeiramente sagrada" da nação, afirmou o presidente eleito, é "preparar e equipar as tropas que enviamos para o perigo e cuidar delas e de suas famílias quando voltarem para casa", ressaltou Biden.
Posteriormente, o democrata eleito tuitou: "Serei um comandante-chefe que respeitará os seus sacrifícios, compreenderá seus serviços e nunca trairá os valores pelos quais lutou tão bravamente".
Trump foi amplamente criticado por chamar os soldados americanos mortos na Primeira Guerra Mundial de "perdedores" quando cancelou uma visita a um cemitério militar perto de Paris em 2018, afirmação negada de forma enfática por ele.
Ao contrário da tradição, Trump - que deve entregar o governo em 20 de janeiro - se recusou a aceitar a vitória de Biden, projetada pela mídia dos EUA com base em resultados oficiais.
Enclausurado na Casa Branca, o republicano dedicou seu tempo a denunciar supostas irregularidades eleitorais em seu twitter, apesar do consenso de observadores internacionais, líderes mundiais, autoridades estatais e da mídia de que tudo ocorreu de forma transparente e sem graves incidentes.
Trump disse que uma pesquisa "possivelmente ilegal" pouco antes do dia da eleição o mostrava 17 pontos atrás de Biden em Wisconsin, quando, segundo ele, a corrida estava empatada e, agora, ele estava no caminho da vitória. Biden foi declarado o vencedor em Wisconsin.
SENADO
O Partido Republicano do presidente Donald Trump manteve uma cadeira adicional no Senado dos Estados Unidos nesta quarta-feira (11), com uma vitória no Alasca, levando-os a uma posição majoritária na Câmara Alta do Congresso.
Dan Sullivan foi facilmente reeleito, com mais de 57% dos votos, segundo projeções das redes de televisão CNN e NBC. Sua vitória confirma o bom desempenho do Partido Republicano nas eleições parlamentares, realizadas no dia 3 de novembro, ao mesmo tempo que as eleições presidenciais deram a vitória ao democrata Joe Biden.
Com a vitória, os republicanos acumulam 50 cadeiras contra 48 dos democratas nesta câmara de 100 cadeiras. Duas vagas ainda precisam ser disputadas em uma dupla eleição parcial em 5 de janeiro no estado da Geórgia.
Os democratas teriam de ganhar essas duas cadeiras para alcançar os republicanos e dar a Biden mais liberdade para implementar sua política. Então, seria a voz da vice-presidente Kamala Harris que decidiria os votos em caso de empate por 50-50 em seu papel como presidente do Senado.
Nenhuma lei pode ser aprovada nos Estados Unidos sem a luz verde do Senado, que também tem o poder de aprovar as nomeações do presidente - seus ministros, embaixadores e juízes, mesmo perante a Suprema Corte.