Chegada de Biden ao poder gera receio e esperança aos imigrantes nos EUA

Os imigrantes esperam ter um alívio após quatro anos de políticas restritivas de Donald Trump, mas não esquecem as duras medidas adotadas quando ele era vice-presidente no governo de Barack Obama
AFP
Publicado em 29/12/2020 às 13:20
Joe Biden Foto: AFP


A chegada de Joe Biden ao poder nos Estados Unidos gera expectativas, mas também suspeitas entre os imigrantes, que vislumbram um alívio após quatro anos de políticas restritivas de Donald Trump, mas não esquecem as duras medidas adotadas quando ele era vice-presidente no governo de Barack Obama.

Biden prometeu a regularização de 11 milhões de "indocumentados" que vivem no país e a reinstalação de sistemas de proteção, como o que protege da deportação os chamados "Dreamers" ("sonhadores"), jovens que chegaram ao país menores, junto com os pais.

"Não sou muito fã de Biden, mas estou otimista que este governo tentará trabalhar conosco", disse à AFP Gabriela Hernández, uma "Dreamer", de 22, que chegou de El Salvador com a mãe, aos cinco anos de idade.

Em sua situação, há cerca de 700.000 jovens que viveram em condição ilegal nos EUA por toda sua vida até que, em 2012, o presidente democrata Barack Obama lhes concedeu o status de proteção de Ação Diferida para Chegadas na Infância (DACA), por meio de um decreto.

Os "sonhadores" viveram no limbo durante a Presidência de Trump, que decidiu cancelar essa proteção, dando início a uma longa batalha judicial.

Qualquer mudança permanente que Biden queira implementar terá de passar pelo Congresso. Os democratas são maioria na Câmara dos Representantes, mas ainda não se sabe quem controlará o Senado, já que as duas cadeiras da Geórgia serão definidas em um segundo turno em 5 de janeiro. A maioria nesta Casa depende do resultado destas eleições.

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Com ou sem um Congresso afim, a tarefa é enorme, já que, no governo Trump, as mudanças na política migratória ocorreram em um "ritmo frenético e sem precedentes", indicou o Migration Policy Institute (MPI).

De acordo com este "think tank", as mais de 400 ordens executivas assinadas pelo presidente republicano visavam a "desmantelar e reconstruir metodicamente o sistema, com base em uma visão global da imigração como uma ameaça".

Para Gabriela, seu atual status de imigrante continua sendo uma solução "tampão" e é como "colocar um guarda-chuva sobre uma população de milhões de pessoas", em relação ao total de imigrantes "indocumentados". Jorge Benítez, também um "Dreamer", ainda tem "medo". Durante o governo Obama, do qual Biden foi vice-presidente, houve um recorde de deportações.

Também expressa reservas William Martínez, que chegou de El Salvador com sua família, depois que o país foi devastado por um terremoto em 2001. Ele está protegido da deportação pelo Estatuto de Proteção Temporária (TPS), mecanismo criado para estrangeiros, cujos países foram afetados por desastres naturais, ou por instabilidade política.

Trump também tentou remover essa proteção, uma batalha que continua nos tribunais.

William, de 28, não espera "nada" de Biden. Ele afirma que qualquer solução virá de um acordo bipartidário. Por isso, pretende fazer campanha na Geórgia para garantir que os democratas controlem o Senado.

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Um dos temas-chave serão os demandantes de refúgio na fronteira mexicana, mas o assessor de Biden, Juan González, já declarou à rede CNN que "não haverá mudanças imediatas".

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