Pelo menos 52 pacientes de um hospital em Nassíria, no sul do Iraque, morreram nesta segunda-feira (12) em um incêndio na unidade para tratamento de covid-19, informaram as autoridades dois meses depois que uma tragédia semelhante deixou mais de 80 mortos em Bagdá.
O setor do hospital Al Hussein, devastado pelas chamas, tinha 70 leitos.
O chefe do governo, Mustafa al Kazimi, convocou com urgência ministros e funcionários de segurança para "examinar as causas e consequências do incêndio", afirmou seu gabinete no Twitter.
Segundo a mensagem, a polícia interrogou o diretor do hospital e o chefe da defesa civil da província de Dhi Qar, da qual depende Nassíria e que declarou estado de emergência.
"As vítimas morreram queimadas e a busca continua" por possíveis sobreviventes, disse Al Zamili.
Em diversos vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível ver cenas de caos e enormes espirais de fumaça negra saindo do hospital.
De acordo com uma fonte do departamento provincial de saúde, o incêndio foi provocado pela explosão de cilindros de oxigênio. O mesmo aconteceu na tragédia de abril em um hospital de Bagdá, que teve mais de 80 vítimas fatais.
Em Nassíria, centenas de pessoas compareceram ao local para ajudar os bombeiros e socorristas, descobriu um correspondente da AFP.
Segundo uma fonte médica, 20 pacientes conseguiram ser evacuados das instalações em chamas.
O Ministério do Interior iraquiano informou no Facebook que o incêndio começou em estruturas temporárias erguidas perto do estabelecimento, mas não especificou a origem do acidente.
Onda de indignação
A desastre desencadeou uma onda de indignação na cidade, onde centenas de pessoas se reuniram em frente ao hospital aos gritos de "os partidos políticos estão nos queimando!"
"A catástrofe do hospital Al Hussein é uma prova clara (do fracasso) em proteger as vidas dos iraquianos e é hora de acabar com esse fracasso catastrófico", escreveu no Twitter o presidente do parlamento iraquiano, Mohamed al Halbusi, que indicou que os deputados tratarão do assunto na terça-feira.
"É um novo desastre humanitário no Iraque. O primeiro-ministro deveria renunciar imediatamente", tuitou um médico iraquiano, Abdullah al Bayati.
O caso similar de abril foi causado por uma série de negligências que enfureceram os iraquianos e levaram à renúncia do ministro da Saúde.
A maioria dos hospitais iraquianos está em péssimas condições e o sistema de saúde está em ruínas há anos, corroído por dificuldades econômicas e corrupção. Um incêndio ocorreu também na segunda-feira no Ministério da Saúde de Bagdá, sem causar vítimas.
O Iraque registrou mais de 1,4 milhão de infecções pelo coronavírus e a epidemia deixou mais de 17 mil mortes.