Dezenas de milhares de pessoas protestaram no sábado (24) na França, Itália e Austrália contra as novas restrições sanitárias, que buscam acelerar a vacinação contra a covid-19 e impedir a variante Delta.
Aos gritos de "Liberdade, liberdade", mais de 160 mil pessoas - pelo menos 11 mil em Paris - protestaram contra a utilização do passaporte de saúde em inúmeras atividades e a vacinação obrigatória para várias profissões, como médicos ou empregados de mesa.
"Nosso país está se tornando totalitário", afirmou Jean-Claude Dib, de 71 anos, um caminhoneiro aposentado presente na manifestação em Marselha, onde mais de 4.000 pessoas participaram.
Em Paris, uma manifestação de "coletes amarelos", a revolta que abalou o país durante o inverno de 2018-2019, começou na Praça da Bastilha e foi marcada por incidentes esporádicos entre manifestantes e policiais. Nove pessoas foram detidas, de acordo com o Ministério do Interior.
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Outra concentração ocorreu no Trocadero, perto da Torre Eiffel, onde o ex-eurodeputado da extrema direita Florian Philippot denunciou o "apartheid" promovido pelo executivo francês e pediu a renúncia do "tirano" Macron.
No entanto, a maioria dos franceses (76%) é a favor da vacinação obrigatória para o pessoal de saúde, segundo pesquisa publicada em 13 de julho, um dia após o anúncio da medida.
A obrigatoriedade do passe sanitário (vacinação completa ou teste negativo recente) para ter acesso a locais públicos também é apoiada pela maioria da população.
Após o anúncio das restrições na França, a Itália seguiu o mesmo exemplo e a partir de 6 de agosto exigirá um passaporte de saúde para acessar espaços públicos fechados.
Milhares de italianos manifestaram-se no sábado contra a medida, em várias cidades, de Nápoles a Turim, com gritos de "Liberdade" e "Abaixo a ditadura!".
"Melhor morrer livres do que viver como escravos!", dizia uma das faixas em frente à catedral gótica de Milão. Em outra no centro de Roma, lia-se "Vacinas libertam", junto com uma imagem de Auschwitz.
Alguns manifestantes usavam estrelas amarelas em Gênova, em uma infeliz comparação entre pessoas não vacinadas e a perseguição aos judeus na Alemanha nazista.
Como aconteceu na França, os agendamentos para vacinação se multiplicaram na Itália, até 200% em algumas regiões, após o anúncio do uso extensivo do passaporte de saúde, segundo o chefe de emergências de covid-19, Francesco Figliuolo.
Os protestos na Europa foram acompanhados por manifestações contra as restrições de mobilidade na Austrália, onde cinco milhões de pessoas viverão em confinamento por um mês.
Em Sidney houve confrontos entre alguns manifestantes e a políciamontada, enquanto em Melbourne milhares de pessoas se reuniram em frente ao parlamento regional do Estado de Victoria.
Apesar da agitação nas ruas, os governos estão multiplicando as restrições para impedir o rápido avanço da variante Delta do coronavírus, no quadro de uma pandemia que causou mais de 4,1 milhões de mortes desde o final de 2019.
A Alemanha endureceu as restrições às viagens para a Espanha, incluindo as Ilhas Baleares e Canárias, após um aumento considerável de casos nessas áreas turísticas.
A Espanha exigirá quarentena obrigatória de 10 dias para viajantes da Argentina, Colômbia, Bolívia e Namíbia, a partir de 27 de julho, anunciaram as autoridades no sábado.
O governo espanhol está comprometido com essa medida após um aumento de casos na América Latina e no Caribe, a região do mundo com o maior número de mortes por coronavírus, após ter ultrapassado 1,3 milhão.