Com casos identificados no Reino Unido, Alemanha, Itália e Bélgica, a preocupação com a nova variante ômicron da covid-19 aumenta no Velho Continente neste sábado (27), enquanto se acentua o isolamento de vários países do sul da África.
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou um endurecimento das medidas de entrada em seu país. Todos que chegarem ao Reino Unido, de qualquer lugar, terão que se submeter a um teste de PCR e permanecer isolados até a obtenção dos resultados. Além disso, a máscara voltará a ser obrigatória no comércio.
Anteriormente, o Departamento de Saúde britânico havia indicado que "foi confirmada a identificação de dois casos de covid-19 com mutações compatíveis com a variante B.1.1.529 no Reino Unido", destacando que esses dois casos estão relacionados entre si e que foram identificados após "uma viagem ao sul da África", onde a variante foi detectada pela primeira vez esta semana.
Mais tarde, a Alemanha confirmou duas infecções com a cepa ômicron em viajantes que chegavam da África do Sul no aeroporto de Munique e relatou um caso suspeito em uma pessoa que chegava ao aeroporto de Frankfurt. A Itália, por sua vez, também detectou um caso na região de Nápoles, num homem que havia retornado de Moçambique.
Na sexta-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) afirmou que o risco de que a nova variante da covid-19 se espalhe pela Europa é "de alto a muito alto".
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que essa variante é "preocupante" assim como a atualmente dominante delta e as detectadas anteriormente, alfa, beta e gama.
Além disso, foi detectado um caso em Hong Kong, outro em Israel em uma pessoa que retornava do Malawi e outro em Botsuana.
Na Holanda, 61 passageiros de dois voos que pousaram na sexta-feira em Amsterdã procedentes de Joanesburgo deram positivo para a covid-19 e foram isolados em quarentena, informou a autoridade sanitária holandesa, que na noite de sábado disse que a nova variante "provavelmente" está entre esses viajantes, embora precise de mais análises para confirmar.
A nova mutação fue notificada pela primeira vez pela África do Sul em 24 de novembro. Desde sexta-feira, cada vez mais países suspendem as viagens com a África do Sul, Zimbábue, Namíbia, Lesoto, Essuatini (ou Suazilândia), Moçambique e, em alguns casos, Malawi.
Neste sábado, o governo sul-africano se disse "castigado" por ter detectado a nova variante e lamentou que sua excelência científica por tê-la descoberto acabe penalizando o país.
Por sua vez, o presidente americano Joe Biden destacou que a emergência dessa nova variante mostra que ela "não acabará sem vacinações a nível mundial" e pediu doações de mais vacinas para os países pobres.
O coronavírus deixa mais de 5,18 milhões de mortos em todo o mundo desde sua aparição na China no final de 2019, embora a OMS estime que os números reais possam ser muito maiores.
Os Estados Unidos proibiram a entrada em seu território de viajantes procedentes do sul da África, exceto os que são americanos ou residentes permanentes no país. Canadá, Brasil e vários países árabes, como a Arábia Saudita, também adotaram restrições.
Na Ásia, o Japão vai endurecer suas limitações de entrada, com 10 dias de isolamento para todos que chegarem dessa região. A Tailândia anunciou uma proibição de entrada a partir de dezembro e a Coreia do Sul aplicará restrições de vistos e uma quarentena a partir de domingo para os passageiros procedentes de oito países, entre eles a África do Sul.
A União Europeia recomendou suspender as viagens procedentes da África do Sul e de outros seis países da região. Vários países europeus, como o Reino Unido, França, Itália e Suíça proibiram os voos desses países africanos, medida que será aplicada a partir de domingo na Rússia e de terça-feira na Espanha.
A emergência da ômicron coincide com um aumento de casos de covid-19 na Europa, que obrigou as autoridades de diferentes países a reforçarem as medidas sanitárias.
Os temores relacionados à nova variante fizeram que as bolsas e os preços do petróleo despencassem, um mercado que na sexta-feira viveu seu pior dia em 17 meses.
Na sexta-feira, a OMS disse que poderia levar várias semanas para determinar se a nova variante provoca mudanças na transmissibilidade ou gravidade da covid-19, assim como na eficácia das vacinas.
Os laboratórios Pfizer/BioNTech informaram que estão estudando urgentemente a eficácia de sua vacina contra essa nova variante e que teriam dados "em duas semanas no mais tardar".
Neste sábado, o cientista britânico que liderou as pesquisas sobre a vacina Oxford/AstraZeneca contra o coronavírus, Andrew Pollard, afirmou que é possível criar uma nova contra a variante ômicron "muito rápido".
O professor considerou que é "altamente improvável" que esta nova variante se propague com força entre a população já vacinada.
Cerca de 54% da população mundial recebeu ao menos uma dose da vacina anticovid, mas nos países de baixa renda essa proporção é de apenas 5,6%, segundo o portal Our World in Data.