As potências ocidentais ameaçaram nesta sexta-feira (11) impor sanções "severas" à Rússia, que atingirão os setores financeiro e energético, caso o presidente Vladimir Putin ordene uma invasão da Ucrânia, algo que os Estados Unidos temem que aconteça em breve.
As ameaças foram comunicadas após uma videoconferência em que participaram o presidente americano, Joe Biden, e os chefes de Estado ou de governo de seis países aliados (Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Polônia e Canadá) juntamente com os líderes da Otan e da União Europeia (UE).
"Todos os esforços diplomáticos procuram persuadir a Rússia a ir para a desescalada. O objetivo é evitar uma guerra na Europa", tuitou o porta-voz do chefe de governo alemão após a reunião.
Mas "os aliados estão determinados a tomar conjuntamente sanções rápidas e severas contra a Rússia se houver novas violações da integridade territorial e soberania da Ucrânia", acrescentou.
As sanções terão como alvo principal "os setores financeiro e energético, bem como as exportações de produtos de alta tecnologia", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, citada em comunicado deste órgão, considerado o Executivo da UE.
Os Estados Unidos estimam que a Rússia pode entrar em ação na Ucrânia "a qualquer momento", inclusive antes do final das Olimpíadas de Inverno de Pequim, previsto para 20 de fevereiro, disse o assessor de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, nesta sexta-feira.
"Continuamos vendo sinais de escalada russa, incluindo a chegada de novas forças na fronteira com a Ucrânia", disse Sullivan a repórteres em Washington. No entanto, os Estados Unidos "não estão dizendo" que Putin já tomou a decisão de invadir, afirmou.
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, considerou nesta sexta-feira que a Rússia pode invadir a Ucrânia "a qualquer momento", depois de ter concentrado mais de 100 mil soldados e armas pesadas na sua fronteira com o país vizinho, uma ex-república soviética. E o secretário-geral da Otan voltou a alertar que existe um "risco real de um novo conflito armado" na Europa.
Tanto o Reino Unido, quanto os Estados Unidos exortaram seus cidadãos a deixarem rapidamente a Ucrânia.
"Pedimos aos cidadãos britânicos na Ucrânia que saiam imediatamente por meios comerciais enquanto estiverem disponíveis", disse um porta-voz do governo britânico.
A Casa Branca pediu que os americanos deixem o país "nas próximas 24 a 48 horas".
O presidente Biden, no entanto, descartou o envio de soldados para a Ucrânia, mesmo para evacuar seus cidadãos no caso de uma invasão, porque isso poderia provocar uma "guerra mundial".
Temores de guerra
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse durante a videoconferência "temer pela segurança da Europa nas atuais circunstâncias".
As discussões entre as partes aumentaram nos últimos dias, mas nenhum progresso foi feito para resolver a crise, que os ocidentais descrevem como a mais perigosa desde o fim da Guerra Fria, há três décadas.
A Rússia, que anexou a Crimeia em 2014, nega ter intenção bélica em relação à Ucrânia, mas condiciona a desescalada a que a antiga república soviética nunca seja incorporada à Aliança Atlântica. Uma condição que os ocidentais consideram inaceitável.
Paralelamente, Moscou anunciou novas manobras militares na fronteira ucraniana, além das que já vem realizando desde quinta-feira em Belarus, país vizinho da Ucrânia.
Além disso, a Marinha russa está realizando exercícios no Mar Negro.
Líderes europeus se envolveram em um frenesi diplomático nas últimas semanas para tentar desarmar a crise, incluindo visitas a Moscou do presidente francês e em breve do chefe de governo alemão.
As negociações realizadas no dia anterior em Berlim, nas quais Rússia, Ucrânia, Alemanha e França participaram, destacaram a lacuna que separa Moscou dos ocidentais e de seu aliado ucraniano.
A Rússia lamentou na sexta-feira que essas discussões não tenham produzido "nenhum resultado". A presidência francesa informou, por sua vez, que Macron falará com Putin no sábado.
Moscou insiste em que o governo ucraniano negocie diretamente com os separatistas pró-russos no leste, contra os quais o exército ucraniano luta desde 2014 em um conflito que deixou mais de 13.000 mortos.
Mas a Ucrânia recusa, considerando que o único interlocutor legítimo é o governo russo, que apoia os separatistas. Ainda assim, Kiev disse nesta sexta-feira que "todos estão dispostos a obter um resultado" e que as negociações continuarão.