Atualizada às 20h35
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta sexta-feira (18) acreditar que seu contraparte russo, Vladimir Putin, decidiu invadir a Ucrânia, mas acrescentou que ainda há espaço para resolver a crise por meio da diplomacia.
"Neste momento, estou convencido de que ele tomou a decisão. Nós temos razões para acreditar nisso", disse Biden, afirmando que o ataque poderia ocorrer nos próximos "dias" ou na próxima "semana".
"Até que ele o faça, a diplomacia é sempre uma possibilidade", acrescentou o presidente americano.
Antes da coletiva, Biden fez uma ligação com líderes do Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Polônia e Romênia, além da União Europeia e da Otan, para manter uma posição unificada com relação às tensões na Ucrânia. Desde a semana passada, os EUA alertam que a Rússia pode invadir "a qualquer momento".
Também nesta sexta-feira, os Estados Unidos disseram que cerca de 190.000 soldados russos estavam dispostos dentro e perto da Ucrânia, apesar dos anúncios russos de retirada das tropas nos últimos dias. O número é muito maior que os 130.000 do fim de janeiro.
Os americanos também repetiram os avisos de que Moscou tentaria fabricar uma provocação da Ucrânia para justificar uma invasão de seu vizinho menor. Além de acusar a Rússia de ser responsável por recentes ataques cibernéticos contra o Ministério da Defesa ucraniano e grandes bancos.
A reunião entre os líderes e as novas acusações da Casa Branca ocorreram após intensos bombardeios na noite desta quinta-feira nas duas regiões separatistas pró-Rússia da Ucrânia, Donetsk e Luhansk. O movimento aumentou o receio de que a Rússia usaria os conflitos na bacia de Donbass para justificar uma invasão à Ucrânia. As províncias informaram nesta sexta-feira que estão retirando seus civis.
Aos repórteres, Biden acusou a Rússia de provocar desinformação ao acusar a Ucrânia de provocar os ataques. "Continuamos a ver mais e mais desinformação sendo divulgada ao público russo, incluindo separatistas apoiados pela Rússia, alegando que a Ucrânia planeja lançar um ataque ofensivo maciço no Donbass", disse Biden.
Ao mesmo tempo, o Kremlin anunciou a realização de grandes exercícios nucleares neste fim de semana que incluirão o lançamento de mísseis balísticos e de cruzeiro, disse o Ministério da Defesa do país. Os movimentos serão acompanhados de perto pelo presidente Vladimir Putin.
Sanções em caso de invasão russa
As sanções econômicas internacionais vão transformar a Rússia em um "pária" se Putin decidir invadir a Ucrânia, disse nesta sexta-feira (18) um funcionário americano.
A Rússia "se tornaria um pária para a comunidade internacional", advertiu Daleep Singh, assessor adjunto de segurança nacional dos Estados Unidos para a economia internacional, em conversa com jornalistas.
"Ficará isolada dos mercados financeiros mundiais e estará privada da tecnologia mais sofisticada", disse Singh aos jornalistas.
Além disso, ele previu que a Rússia sofrerá uma "intensa fuga de capitais, crescente pressão sobre sua moeda, surto inflacionário, maiores custos creditícios, contração econômica e erosão de sua capacidade produtiva".
Singh afirmou que as "sanções financeiras do Ocidente e os controles à exportação fazem parte de uma estratégia mais ampla, que cortaria as aspirações de Putin de projetar poder ou exercer influência no âmbito mundial".
"A Rússia se tornaria mais dependente de países que não podem compensar suas perdas", advertiu Singh, mencionando diretamente que "a China não poderia substituir tudo o que o Ocidente lhe provê".
Enquanto isso, previu, "a comunidade internacional e o Ocidente vão emergir mais unidos e determinados a defender seus valores e princípios compartilhados mais do que nunca depois da Guerra Fria".
Singh assegurou que os Estados Unidos estão "prontos" para reagir se a Rússia decidir usar como "arma" suas enormes reservas de energia em resposta às sanções do Ocidente.