"Basta! Os combates devem parar", declarou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, após a abertura da sessão extraordinária de emergência da Assembleia Geral, nesta segunda-feira (28), que decidirá se condena a invasão da Ucrânia pela Rússia, após o fracasso do Conselho de Segurança.
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Essa reunião excepcional dos 193 membros da ONU, a primeira desse tipo em 40 anos, começou com um minuto de silêncio em memória das vítimas do conflito que começou em 24 de fevereiro com a invasão russa da Ucrânia.
"Se a Ucrânia não sobreviver, não nos surpreendamos se a democracia falhar", disse o embaixador ucraniano na ONU, Sergiy Kyslytsya. "Salve as Nações Unidas, salve a democracia e defenda os valores em que acreditamos", implorou em um discurso grave.
Intitulado "A agressão armada não provocada da Rússia contra a Ucrânia", o projeto de resolução promovido pelos europeus em coordenação com Kiev "condena, nos termos mais duros, a agressão da Rússia contra a Ucrânia".
"A guerra não é a resposta", lembrou Guterres, antes de enfatizar que "precisamos de paz agora".
O texto é similar ao apresentado por Estados Unidos e Albânia e rejeitado por um veto russo no Conselho de Segurança na sexta-feira. Exige a retirada imediata das tropas russas da Ucrânia e o fim dos combates.
Seus autores esperam ultrapassar a centena de votos favoráveis na Assembleia, onde não há direito de veto.
No Conselho de Segurança, África e América Latina apoiaram a denúncia da invasão formulada por Estados Unidos e Europa. Na Assembleia Geral, espera-se que os apoiadores habituais de Moscou - Síria, Cuba, China, Índia e outros - fiquem ao lado da política russa, ou se abstenham de votar.
A sessão extraordinária da Assembleia Geral da ONU - que ocorreu algumas poucas vezes na história desta organização internacional - será um termômetro da evolução do mundo, segundo diplomatas.
Nos últimos anos, regimes considerados autocráticos, militares ou não, como Rússia, Mianmar, Sudão, Mali, Burkina Faso, Venezuela e Nicarágua, parecem estar ganhando terreno frente às democracias.
"A extensão da invasão mostra que a intenção de Vladimir Putin é ocupar o país, destruir a democracia (na Ucrânia) e instalar um governo fantoche em Kiev", disse Josep Borell, representante sênior da União Europeia para Relações Exteriores, afirmando que a invasão russa é "cada vez mais brutal".
Também hoje, às 15h, a França convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, com o objetivo de ter uma resolução aprovada, na terça-feira, a favor do "cessar das hostilidades", "da proteção de civis" e que "permita" a chegada de ajuda humanitária "sem obstáculos".
Após seu primeiro veto na última sexta-feira, a posição da Rússia sobre o texto permanece desconhecida.