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Presidente da Ucrânia diz que Otan 'deu luz verde para o bombardeio russo continuar'

Volodimir Zelensky lamentou nesta sexta-feira (4) a decisão da Otan de não estabelecer uma zona de exclusão aérea na Ucrânia

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AFP

Publicado em 04/03/2022 às 21:35 | Atualizado em 04/03/2022 às 23:48
Zelensky nomeou Rustem Umerov como novo responsável pela pasta da Defesa - PRESIDÊNCIA DA UCRÂNIA/AFP

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, lamentou nesta sexta-feira (4) a decisão "deliberada" da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de não estabelecer uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, apesar da invasão russa.

"Hoje, a liderança da Aliança (Atlântica) deu luz verde para a continuação do bombardeio de cidades ucranianas, recusando-se a estabelecer uma zona de exclusão aérea", afirmou Zelensky em um vídeo divulgado pela presidência ucraniana.

"Apesar de saber que novos bombardeios e novas baixas são inevitáveis, a Otan decidiu deliberadamente não fechar o espaço aéreo da Ucrânia", criticou o presidente da Ucrânia.

"Entendemos que os países da Otan criaram uma história para si mesmos, segundo a qual o fechamento do espaço aéreo da Ucrânia provocaria uma agressão direta da Rússia contra a Otan", acrescentou.

Otan fecha a porta para criação de zona de exclusão aérea na Ucrânia

O secretário-geral da aliança militar transatlântica, Jens Stoltenberg, assegurou que a Otan não terá aviões operando na Ucrânia, nem tropas em território ucraniano.

"Os aliados concordaram que não deveríamos ter aeronaves sobre o espaço aéreo da Ucrânia, ou tropas da Otan no território da Ucrânia", disse Stoltenberg ao final de uma reunião de emergência dos ministros dos chanceleres da organização.

Na opinião de Stoltenberg, "a única maneira de implementar uma zona de exclusão aérea na Ucrânia" é enviando aviões de combate da Otan, que teriam que derrubar aviões russos que operam na Ucrânia.

"Acreditamos que se fizermos isso, vamos acabar tendo algo que pode se tornar uma guerra total na Europa, envolvendo muitos outros países e causando muito mais sofrimento humano", disse.

Por essa razão, os aliados da Otan tomaram a "dolorosa decisão" de fortalecer as sanções e o apoio à Ucrânia, mas "sem envolver diretamente as forças da Otan no conflito na Ucrânia, seja em seu território ou em seu espaço aéreo".

Stoltenberg admitiu que as perspectivas imediatas na Ucrânia são preocupantes.

"Nos próximos dias, veremos as coisas piorarem, com mais mortes, mais sofrimento e mais destruição, à medida que as forças russas trazem armas pesadas e continuam seus ataques em todo o país", alertou.

Em relação ao papel da aliança ocidental, Stoltenberg disse que continuará "fazendo o que for necessário para proteger cada centímetro do território da Otan. A Otan é uma aliança defensiva".

Os países ocidentais entregaram armas à Ucrânia, mas concentraram sua resposta em uma série de sanções para isolar a Rússia diplomaticamente, economicamente, culturalmente e nos esportes.

O G7 das grandes potências e a Comissão Europeia ameaçaram nesta sexta-feira impor novas "sanções severas" a Moscou.

Frentes de guerra

Aparentemente em ritmo de desaceleração em Kiev e em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana (noroeste do país), a invasão russa avança no sul.

Nesta sexta-feira, tiros foram ouvidos em Bucha, a noroeste de Kiev, onde era possível ver blindados russos destruídos.

A leste, a fumaça podia ser vista subindo de armazéns bombardeados, segundo fotógrafos da AFP. A cerca de 350 km a leste da capital, a situação também virou um "inferno" em Okhtyrka, e é "crítica" em Sumy, segundo autoridades locais.

No porto estratégico de Mariúpol (sudeste), a situação humanitária é "terrível" após 40 horas de bombardeios ininterruptos, incluindo escolas e hospitais, disse o vice-prefeito, Sergei Orlov, à BBC.

Na quinta-feira, os russos consolidaram a conquista de Kherson (290.000 habitantes, sul), sua primeira grande vitória até o momento, e intensificaram o bombardeio de outros centros urbanos.

Mais de 1,2 milhão de refugiados fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde o início da invasão e milhões de outros ficaram deslocados internamente, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

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