Enquanto soldados russos e ucranianos se enfrentavam nos subúrbios de Kiev, os EUA desafiaram neste sábado, 12, Moscou ao prometer mais US$ 200 milhões em armas e equipamentos militares para a Ucrânia. O anúncio foi feito pouco depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçar atacar os comboios de ajuda do Ocidente, o que pode levar a guerra a um outro patamar.
A promessa do presidente dos EUA, Joe Biden, de enviar mais armas para a Ucrânia incluiu mísseis para derrubar aviões e destruir tanques. Em seguida, a Rússia alertou que os equipamentos seriam considerados "alvos legítimos" para suas forças, segundo o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov.
A escalada da retórica ocorreu logo após uma conversa de 90 minutos entre Putin e Emmanuel Macron, presidente da França, e Olaf Scholz, chanceler da Alemanha - que não conseguiram persuadir o Kremlin a concordar com um cessar-fogo.
Ao longo do dia, as forças russas intensificaram o bombardeio das principais cidades da Ucrânia, atacando prédios de apartamento, lojas e edifícios civis como parte de uma estratégia para sitiar as cidades da Ucrânia até a submissão.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, acusou a Rússia de aterrorizar o país em uma tentativa de destruir a moral dos ucranianos, chamando a ofensiva de "guerra de aniquilação" e reconhecendo, pela primeira vez, ter perdido 1,3 mil soldados em combate.
Resistência
Na capital Kiev, a expectativa é de um ataque final a qualquer momento. Neste sábado, a Rússia retomou os bombardeios aos subúrbios da cidade. Em Irpin, enquanto soldados ucranianos e russos travavam uma batalha rua a rua, moradores carregavam seus pertences pelos escombros aos prantos, tentando escapar da morte.
A Rússia também intensificou no sábado os ataques a duas cidades do oeste da Ucrânia - Lutsk e Ivano-Frankivsk -, rompendo a sensação de segurança de uma região que até então havia sido poupada da guerra e vinha sendo proteção de refugiados, empresários, jornalistas e diplomatas.
Até o momento, o oeste ucraniano vem cumprindo o papel de corredor para a entrega de armas e equipamentos militares da Europa e dos EUA, o que pode explicar o fato de ter se tornado alvo da artilharia da Rússia. "Não há mais nenhuma cidade pacífica na Ucrânia", disse Myroslava Kozyupa, na praça central de Ivano-Frankivsk.
O chanceler da Ucrânia, Dmitro Kuleba, acusou no sábado a Rússia de usar táticas semelhantes às adotadas na guerra civil da Síria. Ele reconheceu que a cidade de Mariupol está sitiada, mas ainda sob controle ucraniano. Kuleba também disse que os russos estão tentando montar uma base logística perto da usina de Chernobyl.