GUERRA

Rússia ataca cidade perto da Polônia, membro da Otan; Ucrânia contabiliza mais de 2.000 civis mortos

Base atacada está localizada em Yavoriv, a cerca de 40 quilômetros a noroeste de Lviv, destino de milhares de deslocados internos

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AFP

Publicado em 13/03/2022 às 11:08 | Atualizado em 14/03/2022 às 16:28
Mulher chora em frente a uma casa bombardeada em Irpin - DIMITAR DILKOFF / AFP

Atualizada às 15h12

A Rússia expandiu seus alvos na Ucrânia neste domingo (13) com ataques a uma base militar perto da fronteira polonesa, enquanto Kiev disse que mais de 2.100 civis já foram mortos em uma de suas cidades sitiadas.

Durante a noite, as forças russas atacaram a base militar de Yavoriv, a cerca de 40 quilômetros de Lviv, um destino para milhares de deslocados, e a próximo de 20 quilômetros da fronteira com a Polônia, membro da Otan.

Nos últimos anos, essas instalações receberam exercícios com instrutores estrangeiros.

"A Rússia atacou o Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança. Instrutores estrangeiros trabalham lá", disse o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov.

O bombardeio, realizado dos mares Negro e Azov, causou 35 mortos e 134 feridos, segundo o governador da região, Maxim Kozitsky.

"Como resultado do ataque, até 180 mercenários estrangeiros e um grande número de armas estrangeiras foram eliminados", respondeu o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.

"Pior cenário" em Mariupol 

Ao sul, em Mariupol, cidade portuária sitiada há 13 dias, os moradores que sofrem com bombardeios ainda aguardavam a chegada da ajuda humanitária.

Os invasores "atacam cinicamente e deliberadamente edifícios residenciais, áreas densamente povoadas, destroem hospitais infantis e a infraestrutura urbana (...) Até hoje, 2.187 habitantes de Mariupol morreram em ataques russos", disse o prefeito da cidade no Telegram neste domingo.

"Em 24 horas, vimos 22 bombardeios em uma cidade pacífica. Cerca de 100 bombas já foram lançadas em Mariupol", completou.

Enquanto isso, um comboio com ajuda estava "a 2 horas de Mariupol, a 80 km", disse o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, no domingo.

Vindo de Zaporizhzhia, o comboio foi bloqueado em um posto de controle russo por mais de cinco horas no sábado.

A chegada de ajuda é fundamental, pois "o sofrimento humano é imenso" na cidade, denunciou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que alertou para o "pior cenário".

Em comunicado, a ONG lembrou que a população é obrigada a refugiar-se em abrigos antiaéreos sem aquecimento e arriscar a vida para encontrar comida e água.

Mariupol "tornou-se uma cidade mártir na guerra que está devastando a Ucrânia", lamentou o Papa Francisco, que pediu o fim do "massacre".

Jornalista morto

Em Irpin, subúrbio ao noroeste de Kiev, onde as forças ucranianas lutam contra os militares russos, o jornalista norte-americano Brent Renaud, de 50 anos, foi morto, e um outro repórter e um civil ucraniano ficaram feridos, disse Danylo Shapovalov, médico do hospital à AFP.

Kiev, onde apenas as estradas ao sul permanecem livres, está cada vez mais cercada por soldados russos.

Presentes nas proximidades da capital, tentam neutralizar as cidades vizinhas para "bloquear" a capital, segundo o Estado-Maior ucraniano. Seus subúrbios do noroeste (Irpin, Bucha) foram fortemente bombardeados nos últimos dias.

De acordo com soldados ucranianos ouvidos pela AFP em Irpin, Bucha já está nas mãos de soldados russos. No entanto, tanto a oeste quanto a leste da capital, a resistência ucraniana é feroz, notaram os jornalistas da AFP.

No sul, Odessa continua se preparando para uma ofensiva das tropas russas, que atualmente estão concentradas em Mykolaiv, cerca de 100 km a leste.

Nove pessoas foram mortas no bombardeio da cidade costeira, afirmou o governador da região, Vitali Kim. No sábado, os bombardeios atingiram um centro de oncologia e uma clínica de oftalmologia, confirmou um jornalista da AFP.

Por outro lado, as forças russas sequestraram o prefeito de Dniprorudne, Evguen Matveiev, dois dias depois de outro prefeito ter sido sequestrado, disse o governador da região de Zaporizhzhia, também no sul. A União Europeia condenou esses sequestros.

Mais de 2,7 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da guerra, aos quais se somaram cerca de dois milhões de deslocados, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Nas últimas 24 horas, quase 100.000 pessoas fugiram dos combates, afirmou a ONU no domingo.

Bombas de fósforo?

Neste domingo, um policial ucraniano na região leste de Luhansk acusou Moscou de bombardear sua cidade com bombas de fósforo.

"É o que os nazistas chamavam de 'cebola ardente', é o que os 'russistas' [combinação de 'russos' e 'fascistas'] estão despejando em nossas cidades. Sofrimento e incêndios indescritíveis", disse Oleksi Biloshytsky, chefe da polícia de Popasna, no Facebook.

A informação ainda não foi verificada.

Enquanto isso, em entrevista à BBC, o presidente polonês Andrzej Duda alertou para o risco de Moscou usar armas químicas na invasão da Ucrânia, o que “mudaria a situação”.

No mesmo dia, Leonid Slutski, um negociador russo que se reuniu recentemente com colegas ucranianos em Belarus, disse que as negociações entre Kiev e Moscou estavam progredindo.

"Minha expectativa pessoal é que esse progresso leve a uma posição comum entre as duas delegações e que cheguem à assinatura de documentos", disse ele respondendo a agências de notícias russas.

Enquanto isso, milhares de pessoas se manifestaram na Alemanha no domingo para pedir paz, segundo a polícia.

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