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Campanha presidencial recomeça na França com duelo Le Pen-Macron

Segundo turno das eleições presidenciais está marcado para o dia 24 de abril

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Ana Maria Miranda

Publicado em 11/04/2022 às 11:40
Emmanuel Macron e Marine Le Pen disputarão o segundo turno - Lionel BONAVENTURE / AFP

Da AFP

O presidente centrista Emmanuel Macron e a candidata de extrema-direita Marine Le Pen retomaram nesta segunda-feira (11) a campanha para convencer os eleitores que não votaram neles no primeiro turno da eleição francesa, visando o segundo turno que promete ser acirrado em 24 de abril.

Macron viajou à cidade de Denain (norte), onde Le Pen recebeu mais votos no primeiro turno, depois de alertar no domingo que "nada está decidido" e que as próximas duas semanas serão "decisivas" para a França e a Europa.

"Aqui eu fiquei em terceiro (no primeiro turno) e vim ao encontro de nossos compatriotas para escutar, para convencer", disse Macron, muito questionado em temas como Educação e Previdência.

O candidato do partido A República Em Marcha (LREM) garantiu a vaga no segundo turno ao receber 27,85% dos votos, melhor do que o previsto pelas pesquisas, enquanto a candidata do Reagrupamento Nacional (RN) obteve 23,15%.

A França repetirá o duelo de 2017, quando Macron recebeu 66,1% de votos no segundo turno. De acordo com as pesquisas mais recentes, agora a vantagem sobre Le Pen seria de apenas entre 2 a 10 pontos.

"É uma partida completamente diferente", afirmou à AFP o cientista político Brice Teinturier.

Ele destaca que o atual presidente "não é mais o novo candidato que encarna uma forma de frescor" como em 2017, e que sua rival não gera mais tanta rejeição, depois de trabalhar sua imagem e estar "mais em contato com os franceses".

E o país também não é o mesmo. O mandato de cinco anos de Macron foi marcado por grandes protestos sociais contra sua política para as classes populares, uma pandemia que deixou milhões de pessoas confinadas e, nas últimas semanas, pelos efeitos da guerra na Ucrânia.

A ofensiva russa na Ucrânia ofuscou a campanha do primeiro turno, mas suas consequências nos preços da energia provocaram a alta da inflação e reforçaram a principal preocupação dos franceses: a perda de poder aquisitivo.

Reforçado por sua imagem de presidente estável em períodos de crise, o candidato do LREM, de 44 anos, tenta posicionar o debate no impacto que a chegada de Le Pen ao poder teria para as alianças internacionais.

A candidata do RN, de 53 anos, propõe abandonar o comando integrado da Otan, que estabelece a estratégia militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte, e sua vitória representaria outro duro revés para a União Europeia (UE) após a reeleição do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, na semana passada.

Macron, no momento em que o país exerce a presidência semestral da UE, rejeitou uma "eventual França que fora da Europa só teria como aliados a internacional dos populistas e xenófobos".

O liberal deseja retomar a imagem de radical que a candidata de extrema-direita apagou durante a campanha do primeiro turno, quando deixou de lado as propostas sobre migração e se apresentou como defensora do poder aquisitivo e das classes populares.

"O que estará em jogo em 24 de abril será uma escolha de sociedade e de civilização", declarou no domingo Le Pen. A França precisa de "uma grande alternância", completou.

A candidata do RN defendeu sua visão de "reunir os franceses ao redor da justiça social e da proteção, garantida por um âmbito fraternal em torno da ideia milenar de nação, que opôs à "divisão, injustiça e desordem impostas por Macron em benefício de poucos".

O presidente aparece com mais chances de recuperar mais votos dos eleitores, depois que a maioria dos rivais pediu voto no candidato de centro ou que os eleitores impeçam que a extrema-direita chegue ao poder.

"Não se deve dar um único voto a Le Pen", afirmou o esquerdista Jean-Luc Mélenchon, o terceiro candidato mais votado (21,95%), sem pedir explicitamente votos para Macron.

"Se Macron quer convencer nossos eleitores, ele que trabalhe", alertou o diretor de campanha de Mélenchon, Manuel Bompard.

Mas o alcance dos apelos é incerto, devido à personalidade divisiva entre os eleitores de esquerda do presidente, que em caso de reeleição tentará retomar o projeto de aumento da idade da aposentadoria, de 62 para 65 anos.

Ao destacar a impopular reforma e a recente polêmica sobre a contratação de consultorias privadas pelo governo, o partido de Le Pen também busca convencer eleitores no campo da esquerda.

"Os candidatos não são proprietários de seus eleitores e penso que muitos que votaram em Jean-Luc Mélenchon (...) votarão em Marine Le Pen no segundo turno", disse Jordan Bardella, da RN.

A herdeira da Frente Nacional conta com os 7% de eleitores do extremista Éric Zemmour, que pediu votos para ela, e os 2% do candidato de direita radical Nicolas Dupont-Aignan.

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