Da AFP
Após sua chegada triunfal ao poder em meados de 2019, Boris Johnson durou três anos à frente do governo britânico. Desacreditado por vários escândalos, o homem que sempre se negou a renunciar foi empurrado para a porta de saída por seu próprio Partido Conservador.
- Julho de 2019: vitória esmagadora
Após a renúncia de Theresa May, o líder da campanha pró-Brexit Boris Johnson foi escolhido para comandar o Partido Conservador em 23 de julho de 2019, depois de uma vitória esmagadora na disputa com o ministro das Relações Exteriores Jeremy Hunt.
Um dia depois, foi nomeado primeiro-ministro pela rainha Elizabeth II e prometeu uma rápida saída da União Europeia.
- Janeiro de 2020: herói do Brexit
Muito popular, Boris Johnson conquista em dezembro de 2019 uma maioria histórica para os conservadores na Câmara dos Comuns, depois de convocar eleições legislativas antecipadas.
Os deputados aprovam seu acordo sobre o Brexit e em 31 de janeiro de 2020, três anos e meio depois do referendo, o Reino Unido sai da UE.
- Abril de 2020: pandemia e cuidados intensivos
Boris Johnson anuncia em 27 de março que testou positivo para covid-19, depois de sofrer sintomas leves.
Em 5 de abril Boris Johnson é hospitalizado. No dia seguinte é transferido para a UTI, onde permanece por três dias.
- Abril de 2021: os primeiros escândalos
O primeiro-ministro Boris Johnson é criticado desde o início da pandemia por sua gestão da crise, acusado por exemplo de ter demorado a reagir. Em abril de 2021, ele nega supostas declarações nas quais seria contrário a um terceiro confinamento.
Boris Johnson luta com um caso de lobby que afeta alguns membros de seu governo e uma polêmica sobre a questão do financiamento caro da reforma de sua residência oficial.
- Maio de 2021: reforçado nas urnas
Apesar da crise, o partido do primeiro-ministro ganha espaço diante dos trabalhistas nas eleições locais de 6 de maio de 2021, conquistando o reduto histórico de Hartlepool no nordeste da Inglaterra.
- Dezembro de 2021: o "partygate"
No início de dezembro se acumulam revelações sobre várias festas ilegais organizadas em Downing Street durante os confinamentos. Os britânicos denunciam dois pesos e duas medidas, pois Boris Johnson acabara de anunciar restrições mais severas contra a covid.
A lista de festas aumenta nas semanas seguintes e investigações são abertas sobre o tema.
Em 12 de abril, Boris Johnson anuncia que recebeu uma multa da polícia por infração da lei - algo que nunca havia acontecido com um primeiro-ministro em exercício -, por ter participado em uma festa de aniversário surpresa em junho de 2020 em Downing Street. Suas explicações mudam, mas no Parlamento ele afirma que não violou as regras.
- Maio de 2022: derrota eleitoral
O escândalo afunda sua popularidade e os britânicos - que também sofrem com o aumento do custo de vida. Os conservadores perdem as eleições locais de 5 de maio.
- Junho de 2022: voto de censura
Boris Johnson sobrevive em 6 de junho a um voto de censura dos deputados do Partido Conservador, convocado por um grupo de parlamentares irritados com o escândalo "partygate". Mais de 40% dos deputados contam contra o primeiro-ministro, o que demonstra a dimensão do mal-estar.
- Escândalos sexuais
Depois do "partygate", começa uma série embaraçosa de escândalos sexuais entre os conservadores, incluindo um deputado suspeito de estupro detido e depois libertado sob fiança em meados de maio, assim como um ex-parlamentar condenado em maio a 18 meses de prisão por agressão sexual contra um adolescente.
Em 5 de julho, Boris Johnson pede desculpas e admite um "erro" por ter nomeado em fevereiro Chris Pincher como o responsável pela disciplina parlamentar dos deputados conservadores, quando já sabia de acusações de teor sexual contra ele.
- Julho de 2022: renúncia como líder conservador
No mesmo dia, cansados dos escândalos, os ministros das Finanças e da Saúde anunciam suas demissões. Eles são acompanhados por uma avalanche de renúncias dentro do governo.
Encurralado pelo Partido Conservador, Boris Johnson renuncia nesta quinta-feira (7) como seu líder, embora continue como primeiro-ministro até que seu sucessor seja escolhido.