Eleito na segunda-feira líder do Partido Conservador, Rishi Sunak confirmou ontem os nomes de seu gabinete após ser oficializado como premiê pelo rei Charles III, tornando-se o primeiro filho de imigrantes a chegar ao poder e o chefe de governo britânico mais jovem em 200 anos.
O desafio de Sunak é controlar a crise econômica e unir um partido rachado por divergências internas. Para isso, ele nomeou secretários de diferentes alas da legenda que já participaram de outros governos, para reduzir a instabilidade que derrubou dois premiês este ano.
Onze mudanças já foram confirmadas pelo primeiro-ministro com relação ao gabinete de Liz Truss. Da ala mais à direita do partido, Sunak confirmou o retorno de Suella Braverman, cuja demissão foi a pá de cal no governo de Truss. Ela será secretaria do Interior. Linha-dura com os imigrantes, Suella pediu demissão após admitir o uso de um e-mail particular para enviar documentos oficiais.
As nomeações de Ben Wallace, para a Defesa, e de James Cleverly, como chanceler, foram feitas para agradar à base de apoio do ex-premiê Boris Johnson. Tanto Wallace quanto Cleverly pretendiam apoiar Johnson na sucessão de Truss, mas ficaram de mãos abanando após o ex-líder conservador desistir da disputa.
Sunak também fez acenos às alas mais moderadas do partido e a figuras importantes que rivalizaram com ele nos últimos processos eleitorais. Jeremy Hunt foi mantido como secretário do Tesouro, cargo para o qual foi indicado há menos de um mês por Truss.
Grant Shapps, outro moderado, assumirá a secretaria de Negócios e Energia. Dominic Raab, ex-secretário nos governos de Theresa May e de Johnson, será o secretário de Justiça. Penny Mordaunt, rival de Sunak dentro do partido, ficou com a liderança dos conservadores no Parlamento.
Em pronunciamento em frente ao Número 10 de Downing Street - a sede do governo britânico -, Sunak reiterou a promessa de unir o partido e buscar estabilidade, dizendo que pretende "unir o país não com palavras, mas com ações".
A formação do gabinete parece ser a primeira ação concreta neste sentido. Ao escolher integrantes de todos os últimos governos conservadores, Sunak tenta evitar que seus planos econômicos sofram com interferências causadas por turbulências políticas.
No discurso de ontem, o premiê também comentou os seus planos para a economia britânica. Sunak reconheceu que erros foram cometidos durante o breve governo de Truss, e a estabilidade econômica estará no centro de sua agenda. Ele alertou, no entanto, que terá de tomar decisões difíceis.
"Quero prestar homenagem à minha antecessora Liz Truss. Ela não errou em querer melhorar o crescimento deste país, é um objetivo nobre. E eu admirava sua inquietação para criar mudanças. Mas alguns erros foram cometidos. Não nascidos de má vontade ou más intenções. Muito pelo contrário. Mas foram erros mesmo assim", disse Sunak.