Queda de ponte recém reformada mata ao menos 140 pessoas na Índia

Cabos que sustentavam uma ponte recém reformada cederam e mais de 140 pessoas morreram; autoridades ainda fazem buscas na área
AFP
Publicado em 31/10/2022 às 21:22
TRAGÉDIA Construída na era do mandato britânico, a ponte suspensa de 233 metros foi aberta ao público esta semana após meses de reparos Foto: SAM PANTHAKY / AFP


Ao menos 140 pessoas morreram na Índia no domingo (30), quando uma ponte suspensa da era colonial desabou no estado de Gujarat, levando dezenas a caírem no rio.

As autoridades indicaram que cerca de 500 pessoas estavam na ponte, comemorando um festival religioso. Os cabos que sustentavam a estrutura cederam, fazendo com que ela desabasse no rio.

Nesta segunda-feira à tarde, o comandante da polícia local, P. Dekavadiya, disse que o saldo de mortos aumentou para 140, incluindo cerca de 50 crianças, a menor delas de dois anos.

A polícia prendeu nove pessoas, todas vinculadas a uma empresa responsável pela manutenção da ponte. Elas estão sendo investigadas por homicídio culposo, informou Ashok Kumar Yadav, oficial superior da polícia do distrito de Rajkot, acrescentando que cinco investigadores cuidarão do caso.

Segundo a imprensa, a empresa terceirizada é o grupo Oreva, com sede em Morbi. A companhia não estava imediatamente disponível para comentar o caso.

"Vi a ponte desabar diante dos meus olhos", relatou uma testemunha que trabalhou durante a noite na tentativa de resgatar feridos.

"Foi traumático quando uma mulher mostrou uma foto de sua filha e perguntou se eu a havia resgatado. Não consegui informar que a filha dela estava morta", acrescentou a testemunha, que não revelou o nome.

"Os cabos arrebentaram, e a ponte caiu em um segundo. As pessoas caíram umas em cima das outras e no rio", contou um homem que se identificou apenas como Supran.

Vídeos divulgados que ainda não tiveram sua autenticidade comprovada mostravam pessoas penduradas nos restos da estrutura, na escuridão, e outras tentando nadar para a margem para ficarem a salvo.

GRITOS E CHORO

"Estávamos todos juntos na ponte, quando ela se moveu violentamente e caiu de repente. Ouvi gritos e um barulho ensurdecedor, e depois silêncio. Depois, lentamente, gritos e choro", descreveu Madhvi Ben, um sobrevivente, em entrevista à AFP.

O homem, de 30 anos, acrescentou que uma de suas pernas ficou presa entre cabos de aço, deixando-o quase completamente debaixo d'água, lutando para se libertar.

"As autoridades são totalmente responsáveis por essa tragédia. Eles permitiram que centenas de pessoas se reunissem na ponte, quando apenas algumas cabiam", disse Puneet Pitroda, um vendedor de tecidos de 35 anos, que perdeu o irmão e a cunhada na catástrofe.

"Nunca esqueceremos esta noite!", desabafou.

Construída na era do mandato britânico, a ponte suspensa de 233 metros foi aberta ao público esta semana após meses de reparos.

A emissora NDTV informou que a ponte foi reaberta na quarta-feira (26) mesmo sem um certificado de segurança. Imagens de vídeo feitas no sábado (29) mostravam a estrutura balançando.

As autoridades lançaram uma operação de resgate, após o colapso, com submarinos enviados para a área para encontrar os desaparecidos. Dezenas de soldados do Exército e da Marinha indiana participaram dos esforços coordenados.

O primeiro-ministro Narendra Modi, que estava visitando Gujarat, anunciou uma indenização para as famílias das vítimas e dos feridos no acidente.

Os acidentes em infraestruturas, incluindo pontes, são comuns na Índia por serem construções antigas e pela falta de manutenção.

 

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