Guerra

Ucrânia denuncia novos ataques da Rússia contra infraestruturas de energia

O país enfrenta novos danos a sua rede de energia elétrica, já muito deteriorada por quase três meses de bombardeios intensos

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AFP

Publicado em 29/12/2022 às 13:37
Rússia lança mísseis contra a Ucrânia, em ataque a usinas de energia - Genya SAVILOV / AFP

A Ucrânia denunciou, nesta quinta-feira (29), novos ataques em larga escala da Rússia com dezenas de mísseis contra várias cidades do país, incluindo Kiev, em mais uma série de ações com o objetivo de destruir as infraestruturas de energia do país, em pleno inverno.

O comandante das Forças Armadas ucranianas, Valery Zaluzhny, afirmou que o exército derrubou 54 de 69 mísseis disparados pelas tropas russas.

O país, no entanto, enfrenta novos danos a sua rede de energia elétrica, já muito deteriorada por quase três meses de bombardeios intensos.

A aeronáutica anunciou que destruiu 11 drones explosivos do tipo Shahed, de fabricação iraniana.

Em um primeiro momento, a presidência ucraniana citou 120 mísseis. "O inimigo ataca a Ucrânia de várias direções com mísseis de cruzeiro a partir de aviões e navios", afirmou a Força Aérea ucraniana nas redes sociais.

Após uma série de reveses militares nos últimos meses, o Kremlin mudou de tática e em outubro passou a atacar com frequência os transformadores e as centrais de energia elétrica da Ucrânia, com mísseis e drones.

A estratégia provocou uma grave escassez de energia e deixou milhões de ucranianos no frio e na escuridão.

Os ataques desta quinta-feira acontecem poucos dias antes do Ano Novo, a grande festa das famílias na maioria dos países da região.

Ao mesmo tempo, o governo de Belarus, aliado da Rússia, afirmou que um míssil ucraniano caiu nesta quinta-feira em seu território. O projétil, lançado por um sistema de defesa antiaérea S-300, partiu "do território ucraniano", afirmou o ministério bielorrusso da Defesa.

Lviv sem energia elétrica

Quase 90% de Lviv, a principal cidade do oeste da Ucrânia, ficou sem energia elétrica após os ataques.

"Os bondes e ônibus elétricos não funcionam mais na cidade, podemos enfrentar cortes de água", afirmou o prefeito de Lviv, Andriy Sadovy, no Telegram.

Em Kiev, 40% dos residentes estavam sem energia elétrica em consequência dos ataques contra as infraestruturas fora da cidade.

De acordo com uma fonte militar, a defesa antiaérea conseguiu derrubar 16 mísseis russos que foram lançados contra a capital.

"Recarreguem seus telefones e outros dispositivos. Façam reservas de água", recomendou o prefeito de Kiev, Vitali Klitchko.

Rússia lança mísseis contra a Ucrânia, em ataque a usinas de energia - Genya SAVILOV / AFP
Rússia lança mísseis contra a Ucrânia, em ataque a usinas de energia - Genya SAVILOV / AFP
Rússia lança mísseis contra a Ucrânia, em ataque a usinas de energia - Genya SAVILOV / AFP

Em Odessa, importante porto do sudoeste da Ucrânia, 21 mísseis russos foram derrubados pela defesa ucraniana, segundo o governador Maksym Martchenko. Mas outros atingiram os alvos e a cidade enfrenta cortes de energia.

Na cidade de Kharkiv (nordeste), na fronteira com a Rússia, os bombardeios também apontaram contra "infraestruturas críticas", segundo o governador Oleg Sinegubov, e as autoridades ainda tentam determinar o balanço da destruição.

Desde outubro, a Rússia lançou centenas de mísseis e drones contra as infraestruturas ucranianas. Por este motivo, Kiev pede aos aliados ocidentais que acelerem a ajuda militar para fornecer ao país mais sistemas de defesa antiaérea.

Sem perspectivas de paz

Por sua vez, o presidente russo, Vladimir Putin, participou nesta quinta-feira de uma cerimônia de apresentação de navios de guerra, incluindo um submarino com capacidade de transportar mísseis nucleares. Ele prometeu produzir mais armamentos e elogiou as capacidades de sua frota.

Putin apresenta a invasão da Ucrânia, que começou há 10 meses e já provocou grandes perdas, como uma necessidade para a segurança nacional. Ele afirma que o Ocidente está usando o país como uma ponte para ameaçar a Rússia.

Diante dos reveses militares, a Rússia mobilizou 300.000 reservistas, civis, para estabilizar as frentes de batalha.

Moscou reivindica a anexação de quatro regiões do sul e leste da Ucrânia, que o exército russo ocupa de maneira parcial.

Os combates prosseguem, com batalhas particularmente violentas em Bakhmut, uma cidade do leste da Ucrânia que a Rússia tenta conquistar há vários meses, e Kreminna, que as forças ucranianas tentam retomar.

As perspectivas de negociações são praticamente inexistentes.

A Ucrânia exige a retirada de todas as forças russas do país, enquanto Moscou deseja que Kiev ao menos entregue as quatro regiões que o Kremlin reivindica como suas desde setembro, assim como a Crimeia, anexada em 2014.

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