GUERRA

Bombardeio russo em Dnipro, leste da Ucrânia, deixa mais de 20 mortos

Segundo as autoridades ucranianas, mais de 40 pessoas ainda estão desaparecidas após o ataque russo

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Filipe Farias

Publicado em 15/01/2023 às 12:20
"A guerra continua, uma extensão da pandemia a produzir mortos, vivemos para espreitar a morte dos outros. Está cansativo. Eu não posso mais" - SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Pelo menos 21 pessoas morreram em Dnipro, segundo um novo balanço divulgado neste domingo (15) pelas autoridades ucranianas, um dia depois de um míssil russo ter caído sobre um prédio desta cidade do leste da Ucrânia.

Segundo as autoridades, mais de 40 pessoas ainda estão desaparecidas após o ataque, que aconteceu em meio às comemorações do Ano Novo ortodoxo.

Pelo menos 21 pessoas morreram e outras 73 ficaram feridas no bombardeio do prédio, disse Mykola Lukashuk, chefe do conselho regional. Uma menina de 15 anos estava entre os mortos, segundo as autoridades.

"As operações de resgate continuam. Não se sabe o paradeiro de mais de 40 pessoas", disse o chefe da administração militar da região de Dnipropetrovsk, Valentyn Reznichenko.

Uma mulher foi resgatada depois de passar horas nos escombros, disseram as autoridades na manhã deste domingo.

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Um vídeo postado pelos serviços de emergência ucranianos no Facebook e no Telegram mostrou equipes de resgate trabalhando à noite entre os escombros do prédio.

O saldo anterior era de 14 mortos e 64 feridos.

De acordo com a Presidência ucraniana, entre 100 e 200 pessoas ficaram desabrigadas após este ataque e cerca de 1.700 moradores de Dnipro ficaram sem eletricidade ou calefação.

No sul, em Kryvyi Rig, uma pessoa morreu e outra ficou ferida após o bombardeio contra prédios residenciais, segundo um balanço oficial.

No total, "o inimigo realizou três ataques aéreos e cerca de cinquenta disparos de mísseis no dia" de sábado, especificou o Estado-Maior do Exército ucraniano. "Os ocupantes lançaram 50 ataques com vários lançadores de mísseis", acrescentou.

Tanques do Reino Unido

Depois destes novos bombardeios contra instalações energéticas, grande parte das regiões do país registaram cortes de energia.

"É possível parar o terror russo? Sim, é possível. Isso pode ser feito de outra forma que não seja no campo de batalha na Ucrânia? Infelizmente, não", disse o presidente ucraniano Volodimir Zelensky.

"O mundo deve acabar com esse mal", insistiu o presidente, reiterando seu pedido aos países ocidentais para que forneçam mais armas.

O Reino Unido prometeu no sábado fornecer "nas próximas semanas" 14 tanques Challenger 2 para a Ucrânia.

Esta entrega reflete "o compromisso do Reino Unido em intensificar seu apoio à Ucrânia", disse o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, ao líder ucraniano em uma conversa por telefone.

O Reino Unido se tornou o primeiro país a enviar esse tipo de tanque para a Ucrânia. Zelensky saudou a decisão de Londres, que "não apenas nos fortalecerá no campo de batalha, mas também enviará o sinal certo para outros parceiros".

A diplomacia russa reagiu ao anúncio garantindo que a decisão apenas “intensificará” o conflito, “gerando mais vítimas, inclusive entre a população civil”.

Os aliados de Kiev já entregaram quase 300 tanques soviéticos modernizados, mas nunca tanques pesados de fabricação ocidental.

"Disciplina rígida"

Na linha de frente, a cidade de Soledar, no leste da Ucrânia, permanece "sob controle ucraniano", disse o governador da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko, no sábado.

Soledar, a cerca de 15 quilômetros de Bakhmut, é uma das áreas "mais quentes" do conflito, disse ele na televisão.

De acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos Estados Unidos, "é altamente improvável que as forças ucranianas consigam manter posições na mesma cidade de Soledar".

No meio da semana, o grupo paramilitar russo Wagner reivindicou o controle da cidade.

Quando o Ministério da Defesa russo alegou ter capturado Soledar alguns dias depois, não mencionou Wagner. Mais tarde, porém, o ministério divulgou um comunicado destacando a "coragem" das forças do grupo.

O chefe do grupo paramilitar, Yevgeny Prigozhin, elogiou suas tropas, muitas vezes apresentadas como rivais das forças regulares do Exército russo.

"O mais importante é o sistema de comando, que foi aperfeiçoado de maneira ideal. O grupo Wagner ouve todo mundo, todo mundo pode dar sua opinião", disse ele em um vídeo divulgado na noite de sábado.

Mas "uma vez que a decisão foi tomada, todas as missões foram executadas, ninguém pode voltar atrás", disse ele na gravação, ao lado do comandante de Wagner na batalha de Soledar.

"É a disciplina mais rígida que nos dá essa possibilidade", acrescentou.

A tomada de Soledar significaria uma importante vitória militar simbólica para Moscou, após os reveses sofridos por suas tropas desde setembro.

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