Da AFP
A Casa Branca criticou duramente o Brasil nesta segunda-feira (17), depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante viagem à China, que os Estados Unidos estão encorajando a guerra na Ucrânia.
"Neste caso, o Brasil está papagueando a propaganda russa e chinesa sem observar os fatos em absoluto", disse a jornalistas o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby.
LULA FALA SOBRE GUERRA NA UCRÂNIA
Durante visita a Pequim, no sábado, onde se reuniu com seu contraparte chinês, Xi Jinping, Lula disse que "é preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra [na Ucrânia] e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz".
Estas declarações ecoaram o posicionamento usado com frequência por Moscou e Pequim, que culpam o Ocidente pela guerra na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, quando forças russas invadiram o país vizinho na tentativa de derrubar o governo democraticamente eleito do presidente Volodimir Zelensky, e anexar trechos deste país pró-ocidental.
O Brasil não se somou aos países ocidentais na adoção de sanções contra a Rússia e tem negado pedidos para fornecer munição à Ucrânia.
Nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse no Brasil, ao iniciar um giro pela América Latina, que a Rússia está "agradecida aos nossos amigos brasileiros por seu entendimento claro da origem da situação [na Ucrânia]".
Lula quer fazer do Brasil um mediador não alinhado do conflito. Mas Kirby afirmou que a mensagem de Lula a respeito da guerra foi "profundamente problemática".
Washington não faz "qualquer objeção a qualquer país que queira tentar pôr fim à guerra", afirmou.
"Obviamente, queremos que a guerra acabe", disse Kirby. "Isto pode acontecer hoje, agora, se o senhor [presidente russo, Vladimir] Putin parar de atacar a Ucrânia e retirar suas tropas."
"Os últimos comentários feitos pelo Brasil de que a Ucrânia deveria considerar formalmente ceder a Crimeia como uma concessão à paz são simplesmente equivocados, especialmente para um país como o Brasil, que votou em sustentar os princípios de soberania e integridade territorial [nas Nações Unidas]", frisou.