Após quatro dias de uma corrida contra o relógio, a Guarda Costeira dos EUA confirmou nesta quinta a morte das cinco pessoas a bordo do minissubmarino Titan, que havia desaparecido no domingo com turistas que pagaram US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) para ver os restos do Titanic nas águas do Atlântico Norte.
Os americanos encontraram destroços do submersível a 500 metros do transatlântico. Ele teria implodido após uma perda de pressão.
As buscas foram uma operação que envolveu americanos, canadenses e franceses. As equipes de resgate travaram uma disputa contra o tempo para localizar o pequeno submersível, que tinha apenas 96 horas de oxigênio para os cinco tripulantes - o limite do suprimento de ar se esgotaria na manhã de ontem, no mesmo momento em que os destroços foram encontrados.
"Estamos de luto pela morte da tripulação e dos passageiros", disse o contra-almirante da Guarda Costeira americana John Mauger. "Sei que há muitas perguntas sobre como, por que e quando isso aconteceu. Isso será foco de uma investigação futura No momento, estamos focados em documentar a cena."
De acordo com a Guarda Costeira, os detritos do submersível estão no leito do oceano, a cerca de 500 metros da proa do Titanic, uma parte tão remota que, quando questionado se será possível recuperar corpos, o contra-almirante se mostrou pessimista. "Este é um ambiente incrivelmente implacável no fundo do mar", disse.
Os destroços do Titanic estão a uma profundidade de 3, 8 mil metros, em uma área do oceano conhecida como "zona da meia-noite", pois é tão profunda que já não recebe luz solar. A empresa OceanGate Expeditions, dona do submersível, dizia que o Titan tinha capacidade para realizar missões até 4 mil metros.
De acordo com especialistas, o cenário mais provável é que a implosão da cabine tenha ocorrido no domingo, durante a descida rumo ao Titanic. Ela deve ter gerado um som forte que não foi captado por navios e sonares, o que sugere que o acidente ocorreu antes do começo da operação de resgate.
O barulho de batidas subaquáticas, que foi captado pelas autoridades, no início desta semana, não teria relação, portanto, com o local dos destroços do submersível. "Não parece haver nenhuma conexão entre os ruídos e a localização do Titan", disse Mauger.
O submersível era feito de fibra de carbono e titânio, mas não tinha GPS e dependia de mensagens enviadas por um navio, que servia de guia na superfície. Nos últimos dias, foi revelado um relatório sobre as falhas de segurança na embarcação.
David Lochridge, ex-diretor de operações da OceanGate, demitido por questionar a segurança do Titan, mencionou em uma ação judicial que o submersível era resultado de um "projeto experimental e não testado". Para ele, o submarino foi concebido para resistir à pressão a 1,3 mil metros de profundidade, e não a 4 mil.
Entre os passageiros mortos estão os bilionários Hamish Harding, presidente da empresa de jatos particulares Action Aviation, e Shahzada Dawood, paquistanês vice-presidente do conglomerado Engro, além de seu filho Sulema. A tripulação era composta pelo mergulhador francês Paul-Henry Nargeolet e por Stockton Rush, CEO da OceanGate.
As autoridades dos EUA informaram que continuarão com as operações no fundo do mar por tempo indeterminado, mas as equipes de resgate e os médicos na superfície seriam desmobilizados imediatamente.