Pelo menos 1.037 pessoas morreram devido a um poderoso terremoto de magnitude 6,8 que abalou o Marrocos na noite de sexta-feira (8), espalhando o pânico na cidade turística de Marrakech, perto do epicentro, segundo um novo relatório oficial divulgado neste sábado (9).
O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) informou que o terremoto foi de magnitude 6,8 e ocorreu a uma profundidade de 18,5 quilômetros, com epicentro 71 quilômetros a sudoeste de Marrakech às 23h11, horário local (19h11 no horário de Brasília).
O Centro Nacional de Pesquisa Científica e Técnica do Marrocos (CNRST) indicou uma magnitude de 7.
O terremoto deixou pelo menos 1.037 mortos e 1.204 feridos, "dos quais 721 estão em estado crítico", informou o Ministério do Interior em comunicado.
No balanço anterior, de 820 mortos, a maioria das vítimas (394) foi registrada em Al Hauz, província do epicentro do terremoto, e em Tarundant (271), mais ao sul.
Na cidade de Moulay Brahim, em Al Haouz, as equipes de resgate trabalharam neste sábado em busca de sobreviventes nos escombros.
Perto dali, vizinhos já cavavam fossas em uma colina para enterrar as vítimas, segundo uma equipe da AFP presente no local.
O Exército marroquino mobilizou "importantes recursos humanos e logísticos, aéreos e terrestres", como equipes de busca e resgate e um hospital de campanha em Al Haouz, informou a agência estatal de notícias MAP.
Em Marrakech, marroquinos visivelmente atordoados inspecionavam os danos nas suas casas entre pilhas de escombros, poeira e carros esmagados por pedras.
O choque foi sentido até na capital Rabat, a centenas de quilômetros de distância, e em cidades costeiras como Casablanca ou Essaouira, até mesmo no país vizinho, a Argélia, onde as autoridades descartaram danos ou vítimas.
A mídia marroquina informou que este é o terremoto mais poderoso registrado neste reino no norte da África.
Vídeos gravados em Marrakech mostram moradores deixando edifícios aterrorizados em meio ao tremor, destroços caindo de casas em vielas estreitas e veículos cobertos de pedras.
Um delas mostra o minarete de uma mesquita que desabou na famosa praça Jemaa el Fna, no coração de Marrakech, causando ferimentos a duas pessoas.
Um correspondente da AFP viu centenas de pessoas reunidas nesta praça emblemática para passar a noite ali com medo de tremores secundários. Alguns com cobertores e outros dormiam diretamente no chão.
"Estávamos caminhando por Jamaa el Fna quando a terra começou a tremer, foi realmente uma sensação assustadora", disse à AFP na praça Houda Outassad.
"Estamos sãos e salvos, mas ainda em estado de choque", acrescentou esta moradora, que perdeu dez familiares em Ijoukak, uma aldeia rural em Al Haouz.
Mimi Theobald, uma turista inglesa de 25 anos, estava com alguns amigos prestes a comer sobremesa na esplanada de um restaurante "quando as mesas começaram a tremer, os pratos a voar. Entramos em pânico".
Fayssal Badour, de 58 anos, estava voltando para casa quando percebeu o tremor. "Parei e percebi a catástrofe. Foi muito grave (...) Os gritos e prantos eram insuportáveis", relatou.
O francês Michael Bizet, dono de três estabelecimentos turísticos em casas tradicionais (riads) na cidade velha de Marrakech, disse que o tremor o acordou durante o sono.
"Saí para a rua meio nu e fui ver os riads. Foi um caos total, uma verdadeira catástrofe, uma loucura", explicou.
O presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, expressou suas condolências ao país vizinho pela "tragédia".
O chanceler espanhol, José Manuel Albares, ofereceu apoio aos esforços de resgate, e o seu homólogo britânico, James Cleverly, também se mostrou "disposto a ajudar o Marrocos".
A França, que tem uma grande população de origem marroquina, manifestou a sua "solidariedade" e o seu presidente, Emmanuel Macron, disse estar "em choque".
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin; da Ucrânia, Volodomir Zelensky; da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e da China, Xi Jinping também expressaram as suas condolências e solidariedade.
A União Africana expressou a sua "grande dor" pela tragédia.
Na cúpula do G20 em Nova Délhi, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, disse estar "extremamente triste com a perda de vidas".
O papa Francisco manifestou neste sábado a sua solidariedade aos marroquinos. "O papa expressa a sua profunda solidariedade às vítimas desta tragédia", afirma uma mensagem enviada ao Marrocos pelo secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.
O reino alauita sofre terremotos frequentes em sua região norte porque está entre as placas africana e euroasiática.
Em 2004, pelo menos 628 pessoas morreram e 926 ficaram feridas quando um terramoto atingiu Al Hoceima, no nordeste do país.