O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quarta-feira (6), que "está feliz" que foram marcadas eleições na Venezuela para 28 de julho, e espera que elas sejam "as mais democráticas possíveis". "Eu fui impedido de concorrer às eleições de 2018 , ao invés e ficar chorando, eu indiquei outro candidato que disputou as eleições", disse Lula.
As declarações de Lula provocaram reação da candidata opositora na Venezuela, Márcia Corina, impedida pela ditadura de Nicolás Maduro de participar das eleições e, com isso, ficando inelegível por 15 anos. "Eu, chorando presidente Lula? Você não me conhece", respondeu Corina pelas redes sociais.
"Você está validando os abusos de um autocrata que viola a Constituição e o Acordo de Barbados, que afirma apoiar. A única verdade é que Maduro tem medo de me enfrentar porque sabe que o povo venezuelano está hoje comigo", completou Corina.
Sem dar atenção ao fato de que a Venezuela vive sob um regime ditatorial, Lula, que é amigo do ditador Nicolas Maduro, afirma ter certeza que a Venezuela "sabe que precisa de uma eleição altamente democrática para poder reconquistar o espaço de participação cidadã nos fóruns mundiais, que ela tanto precisa, e ter o fim do bloqueio dos Estados Unidos", disse Lula.
Desde 2017, a Venezuela está suspensa do Mercosul por ruptura da ordem democrática e descumprimento de cláusulas ligadas a direitos humanos do bloco de países sul-americanos. O governo de Nicolás Maduro também não é reconhecido pela Casa Branca, que impõe uma série de sanções econômicas contra o país, entre elas, o congelamento de ativos e restrições ao comércio de petróleo bruto – a maior fonte de renda do país – por meio da estatal PDVSA.
Lula se encontrou recentemente com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e segundo o brasileiro, ele se comprometeu a abrir o processo eleitoral para a fiscalização de observadores internacionais. Para Lula, não se pode jogar dúvida sobre a lisura do processo eleitoral antes que ele aconteça.
"Temos que garantir a presunção da inocência até que haja eleições, para que a gente possa julgar se foi democrático. Nem todo candidato que perde eleição aceita resultado", disse.
"Espero que as pessoas que estão disputando eleições não tenham o hábito de ex-presidente deste país, de negar processo eleitoral, as urnas e a respeitabilidade da Suprema Corte", acrescentou, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Lula deu declaração à imprensa, no Palácio do Planalto, ao lado do presidente da Espanha, Pedro Sánchez, que está em visita oficial ao Brasil.
Sánchez disse que os espanhóis têm defendido, há muitos anos, a necessidade de eleições na Venezuela. "Celebramos que tenham sido convocadas essas eleições presidenciais e esperamos que essas eleições se celebram com as garantias democráticas que os venezuelanos precisam", disse o espanhol.