O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de 81 anos, cometeu nesta quinta-feira (11) uma gafe monumental ao apresentar o chefe de Estado ucraniano, Volodimir Zelensky, como "presidente Putin" pouco antes de uma coletiva de imprensa crucial para sua sobrevivência política.
"E agora quero passar a palavra ao presidente da Ucrânia, que tem tanta coragem quanto determinação. Senhoras e senhores, o presidente Putin", disse Biden na cúpula da Otan em Washington.
O democrata, que orquestrou a resposta ocidental à invasão russa da Ucrânia, afastou-se do microfone, mas assim que percebeu o erro, voltou e disse: "Ele vai derrotar o presidente Putin. O presidente Zelensky. Estou tão concentrado em vencer Putin."
Confundir Zelensky com seu inimigo, o presidente russo, Vladimir Putin, é um passo em falso em um momento em que o Partido Democrata duvida de sua capacidade de ganhar as eleições de novembro após seu desempenho desastroso no debate de junho contra o republicano Donald Trump.
Seus rivais republicanos divulgaram o vídeo nas redes sociais imediatamente.
A gafe é um mau presságio antes da coletiva de imprensa que ele dará esta noite, no centro de conferências que sedia esta semana uma cúpula da Otan em Washington.
O país estará atento para ver se ele fala com voz clara e segura, sem notas ou teleprompter, porque a forma como ele responderá será tão importante quanto o conteúdo.
Biden lida com a gagueira desde que era criança. Nunca foi um orador brilhante e a improvisação não é seu ponto forte, mas nesta quinta-feira ele precisa convencer de que é capaz de enfrentar Trump nas urnas.
A equipe de campanha do republicano previu um fracasso.
"Se ele chegar, olhar uma nota e procurar um jornalista com uma pergunta decidida previamente", significará que é "uma encenação", afirmou Jason Miller, um assessor próximo de Trump, na Newsmax.
A poucas semanas da convenção na qual será nomeado o candidato democrata, prevista para 19 a 22 de agosto em Chicago, muitos dentro do partido duvidam que o presidente de 81 anos ainda possa se manter na corrida pela reeleição.
"Nem a coletiva de imprensa desta noite nem a entrevista programada para segunda-feira [na NBC] oferecerão ao presidente a salvação política que ele busca", opinou o congressista Ritchie Torres em um comunicado.
Segundo o New York Times, a equipe de campanha de Joe Biden e sua vice-presidente e companheira de chapa, Kamala Harris, têm sondado discretamente as possibilidades desta mulher de 59 anos para derrotar Donald Trump.
Até agora, ela tem sido leal. "Sabíamos que esta eleição seria difícil (...) Mas se há algo que sabemos sobre nosso presidente Joe Biden é que ele é um lutador!", disse ela nesta quinta-feira durante um comício na Carolina do Norte.
O presidente democrata participou de 36 entrevistas coletivas desde que foi eleito, segundo a pesquisadora Martha Joynt Kumar, citada pela plataforma Axios. Entre os seus seis antecessores, apenas o republicano Ronald Reagan participou de menos.
Mitterrand e Kohl
Nos últimos meses, Biden cometeu erros notáveis, como em fevereiro, quando mencionou o ex-presidente francês François Mitterrand, falecido em 1996, em vez de Emmanuel Macron, e o também falecido Helmut Kohl em vez da ex-chanceler alemã Angela Merkel.
Nesta quinta-feira, ele não pode cometer erros como estes, já que está sob forte pressão do seu Partido Democrata, e inclusive de estrelas de cinema como George Clooney, para que desista da disputa.
Uma pesquisa Ipsos publicada nesta quinta-feira pelo Washington Post e pela ABC não mostra queda nas intenções de voto a nível nacional desde o debate: Joe Biden e Donald Trump estão empatados com 46% cada. Mas 67% dos entrevistados acreditam que Biden deveria retirar sua candidatura. Entre os eleitores democratas, 56% pensam assim.
Uma dezena de congressistas democratas da Câmara dos Representantes e um senador pediram abertamente a Biden que desista da corrida à Casa Branca. Muitos temem que Biden os arraste para um fracasso nas eleições legislativas, que acontecem simultaneamente às presidenciais.